Pilares da assistência á pessoa Laringectomizada: Reabilitação, acolhimento familiar e educação em saúde.

Pilares da assistência á pessoa Laringectomizada: Reabilitação, acolhimento familiar e educação em saúde.

O câncer de laringe é uma neoplasia que ocorre na região de cabeça e pescoço, com tendência para aumento de casos nos últimos anos (AHN et al., 2017).  Usualmente, acomete pessoas do sexo masculino, com aumento do risco com a idade (KISHIMOTO et al., 2019; NOCINI et al., 2020), tabagismo, etilismo, refluxo gastroesofágico, uso excessivo da voz e ritmo de vida acelerado (ZUO et al., 2017).

O sintoma mais frequente é a mudança na qualidade da voz por mais de duas semanas, o que geralmente alerta para a busca por serviço de saúde. Entre as opções de tratamento, está a laringectomia total que consiste na retirada da laringe, ocasionando a separação das vias respiratórias superiores e inferiores. Isto impede a produção natural da voz na região laríngea, interrompe a filtração, umidificação e aquecimento de ar que é feito pelas vias aéreas superiores (ZHU et al., 2021; ZENGA et al., 2018). Assim, após a cirurgia, a respiração passa a ser realizada por um estoma no pescoço (traqueostomia) de modo que permite a passagem de ar aos pulmões (ZENGA et al., 2018; LONGOBARDI et al., 2022).

Apesar da taxa e tempo de sobrevida relativamente maiores, a laringectomia total pode induzir situações que impactam na qualidade de vida, como a perda da fala e olfato, função respiratória prejudicada, engasgos durante as refeições, ocorrência de produção excessiva de muco nas vias aéreas inferiores, impactos na esfera psicológica e social (ANSCHUETZ et al., 2019; ZHANG et al., 2017).

O profissional de saúde, dentre eles o Enfermeiro Estomaterapeuta tem três objetivos principais de tratamento da pessoa laringectomizada: a reabilitação, o acolhimento familiar e a educação em saúde para o uso dos dispositivos (MCDONOUGH et al., 2016). Nesse sentido, os cuidados de enfermagem voltados ao laringectomizado envolvem uma prática educativa para auxiliar no enfrentamento das fases vividas, além da elaboração de um plano de cuidados direcionados ao estoma e à pele ao redor, compreender o uso dos adesivos, filtros respiratórios, lenços para limpeza, protetores de pele, protetores de banho dentre outros.

É crucial que estes pacientes sejam amparados por meio da portaria 400 e com uma Política Pública que garanta a distribuição dos insumos para uso e com processos educacionais e cuidado interdisciplinar para garantir um cuidado especializado.

Ademais, lidar com possíveis complicações de forma a contribuir com as mudanças no cotidiano, estimular a respeitar seu modo de vida, suas crenças e seus valores, a fim de fortalecer a imagem corporal, a autoestima e o bem-estar social, psíquico e mental de forma que se sintam integrados ao convívio social (ESTRADA; BENGHI; KOTZE, 2021).

Referências

  1. AHN, S. et al. Guidelines for the surgical management of laryngeal cancer: Korean Society of Thyroid-Head and Neck Surgery. Clinical and experimental otorhinolaryngology, v. 10, n. 1, p. 1-43, 2017.
  2. ANSCHUETZ, L. et al. Long-term functional outcome after laryngeal cancer treatment. Radiation oncology, v. 14, n. 1, p. 1-8, 2019.
  3. ESTRADA, D.M.L.; BENGHI, L. M.; KOTZE, P. G. Practical insights into stomas in inflammatory bowel disease: what every healthcare provider needs to know. Current Opinion in Gastroenterology, v. 37, n. 4, p. 320-327, 2021.
  4. KISHIMOTO, Y. et al. Endoscopic laryngo-pharyngeal surgery for elderly patients. Auris Nasus Larynx, v. 46, n. 2, p. 279-284, 2019.
  5. LONGOBARDI, Y. et al. Optimizing Pulmonary Outcomes After Total Laryngectomy: Crossover Study on New Heat and Moisture Exchangers. Otolaryngology–Head and Neck Surgery, p. 01945998221086200, 2022.
  6. MCDONOUGH, K. et al. Standardizing nurse training strategies to improve knowledge and self-efficacy with tracheostomy and laryngectomy care. Applied Nursing Research, v. 32, p. 212-216, 2016.
  7. NOCINI, R. et al. Updates on larynx cancer epidemiology. Chinese Journal of Cancer Research, v. 32, n. 1, p. 18, 2020.
  8. SHINOZAKI, T. et al. Treatment results of 99 patients undergoing open partial hypopharyngectomy with larynx preservation. Japanese Journal of Clinical Oncology, v. 49, n. 10, p. 919-923, 2019.
  9. SHIVAPPA, N. et al. Inflammatory potential of diet and risk of laryngeal cancer in a case–control study from Italy. Cancer causes & control, v. 27, n. 8, p. 1027-1034, 2016.
  10. ZENGA, J. et al. State of the art: rehabilitation of speech and swallowing after total laryngectomy. Oral oncology, v. 86, p. 38-47, 2018.
  11. ZHANG, J. et al. Follow-up study of body mass index and risk of cognitive impairment among elderly adults aged≥ 65 years old from longevity areas of China. Zhonghua yu Fang yi xue za zhi [Chinese Journal of Preventive Medicine], v. 51, n. 11, p. 1019-1023, 2017.
  12. ZUO, J. et al. Characteristics of cigarette smoking without alcohol consumption and laryngeal cancer: overall and time-risk relation. A meta-analysis of observational studies. European Archives of Oto-Rhino-Laryngology, v. 274, n. 3, p. 1617-1631, 2017.
Aurilene Lima da Silva

Aurilene Lima da Silva
Enfermeira Estomaterapeuta TiSOBEST, Doutorado (2017) e Mestrado (2012) pelo Programa de Pós-graduação Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde (PPCCLIS) da Universidade Estadual do Ceará e Presidente e Diretora do Conselho Científico da Seção Ceará.

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