Câncer: Passado, Presente e Futuro

Câncer: Passado, Presente e Futuro

As doenças oncológicas são questões do presente, atuais, e, também, um assunto concernente para o nosso futuro. De fato, 1 em cada 2 homens e 1 em cada 3 mulheres terão o diagnóstico de câncer durante a vida. Além disso, a incidência é crescente, de forma que projeções da Organização Mundial de Saúde estimam que, em 2030, 22 milhões de pessoas tenham este diagnóstico por ano. A mortalidade também é progressiva e calcula-se que, dentro de alguns anos, o câncer seja a principal causa de morte no mundo, superando as doenças cardiovasculares. Com efeito, em diversos países desenvolvidos, as doenças malignas já são a principal causa de morte na população. Todavia, as malignidades já existiam desde os tempos mais remotos. O papiro de Edwin Smith é um dos documentos mais antigos de que se tem conhecimento, datado de cerca de 1700 a C. e encontrado no século XIX, sendo o primeiro a descrever um tumor ulcerado e sangrante na região da mama, possivelmente a primeira referência histórica de um câncer de mama. Neste mesmo papiro, todas as doenças descritas apresentavam condutas e soluções sugeridas, exceto para o caso do câncer, para o qual se lia como tratamento proposto: “Não há” .

Por muito tempo, câncer foi sinônimo de morte, o que gerava pânico e repulsa de tal forma a se evitar a pronúncia desta palavra.

Felizmente, a evolução da ciência no campo da Oncologia garantiu notáveis e surpreendentes avanços que trouxeram regozijo para a sociedade, notadamente aos profissionais de saúde e pacientes envolvidos no combate ao câncer. Os avanços dentro do campo de diagnóstico foram consideráveis: biópsias cada vez menos invasivas e ambulatoriais, incluindo as percutâneas, maior acurácia na definição dos tumores, trazendo diagnósticos mais precisos por meio de imunohistoquimica e técnicas moleculares, métodos de imagem cada vez mais exatos e eficientes. Ainda dentro do campo da radiologia e medicina nuclear, houve o surgimento da palavra “teranóstico”, que define um método que permite o diagnóstico, a administração de medicamentos e o monitoramento da resposta ao tratamento em um mesmo momento. O tratamento de tumores neuroendócrinos passou a contar com o uso do Gálio (Ga 68 ) marcado com octreotato no diagnóstico através do PET Scan, o uso do Ítrio [Y 90 ] em lesões hepáticas malignas, o Radium (Ra 223 ) e Lutécio (Lu 177 ) para o câncer de próstata metastático ósseo e/ou resistente a castração, dentre outros.

A evolução no campo de tratamento foi extraordinária. Enquanto na última década vimos surgir técnicas de radioterapia cada vez mais efetivas e precisas – IMRT, VMAT, IGRT, radioterapia de prótons -, os procedimentos cirúrgicos se tornaram cada vez menos invasivos e eficientes: videolaparoscopia, uso de robôs, etc. Da mesma maneira, os assombrosos avanços dos tratamentos sistêmicos culminaram com o prêmio máximo destinado aos grandes marcos transformadores para a humanidade, o Nobel da Medicina de 2018 para a Oncologia: a Imunoterapia! A possibilidade de combater o câncer com imunoterapia, quimioterapia, hormonioterapia e terapia-alvo resultou em maiores taxas de sucesso no tratamento, seja curando, trazendo qualidade de vida e prolongando a vida dos pacientes. Outrossim, a possibilidade de individualizar e personalizar os tratamentos dos pacientes faz surgir mais um termo dentro da Oncologia que merece destaque: “medicina de precisão”.

Finalmente, neste dia Dia Mundial de Combate ao Câncer, a palavra-chave é esperança. Esperança de cuidados integrais, de universalização de acesso aos tratamentos mais modernos e efetivos para todos os que necessitam, de união de equipes multiprofissionais no intuito de fornecer conforto e qualidade de vida ao paciente e, sobretudo, de conquista de resultados mais favoráveis e promissores.

Danilo da Fonseca Reis Silva

Msc. Danilo da Fonseca Reis Silva
Membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica
Oncologista Clínico – Oncoclínica e Oncomédica
Professor de Oncologia do curso de Medicina da UniFacid-Wyden

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