Os benefícios da demarcação pré-operatória para confecção da Estomia de Intestino

ESTOMIA DE INTESTINO

O câncer colorretal possui alta incidência nos países da América Latina, sendo esse um dos grandes contribuintes na indicação da confecção do estoma intestinal. Conceitua-se estomia ou estoma como abertura de uma boca ou comunicação entre um órgão interno e o exterior, com a finalidade de completar a função do órgão que está afetado; são realizadas por meio de processo cirúrgico para o reestabelecimento da função que fora acometida em decorrência de alguma doença ou agravo. (1,2) O processo de reabilitação no pós operatório permeia por dificuldades de adaptação devido à necessidade de enfrentamento as mudanças na reconfiguração anatômica e nas atividades de vida diária da pessoa submetida ao procedimento, pois a eliminação de fezes e flatos passa a ocorrer por um estoma e sem controle. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, qualidade de vida (QQV) pode ser definida como a “percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Essas mudanças tornam a confecção da estomia intestinal um processo traumático e agressivo podendo reduzir significativamente a QQV da pessoa com a estomia. (3)


A demarcação é um procedimento realizado no período pré-operatório sugerindo o local ideal para a exteriorização da alça intestinal (estoma). Para tal, faz-se necessário que o profissional possua conhecimentos em relação a técnica cirúrgica e o tipo de incisão que será realizada, dessa forma somente o estomaterapeuta, enfermeiro devidamente capacitado ou do cirurgião poderá executar o procedimento, sendo imprescindível a participação da pessoa que será submetida ao procedimento, responsável e do cuidador, como importante elemento neste processo de decisão (4). Como qualquer procedimento cirúrgico, a confecção da estomia intestinal poderá ter como consequência algumas
complicações precoces e tardias, tais como: isquemia ou necrose, sangramento, retração, infecção, edema, fístulas, prolapso, hérnia paraestomal e dermatites periestomais. A demarcação pré-operatória de estomias diminui consideravelmente a ocorrência de complicações pós operatórias. Além da redução de complicações, existem outros benefícios inerentes a demarcação, são
eles: possibilita a reabilitação; possibilita o ensino / aprendizagem; permite o ajuste e a aderência dos equipamentos; contribui com a integridade da pele; facilita as atividades de autocuidado; minimiza possíveis complicações; contribui para a independência física e social; assegura melhor qualidade de vida para pessoa com estomia. (5,6,7,8)


A implementação de protocolos institucionais favorecem a execução de procedimentos que contribuam para a qualidade e segurança da pessoa assistida pela equipe de saúde. Diante do exposto, entende-se que os benefícios oriundos da demarcação devem ser amplamente difundidos nas instituições de saúde que atendem pacientes com perfil indicativo para confecção da estomia intestinal. A partir dos benefícios colocados o procedimento deve ser traduzido em protocolos institucionais para que haja a garantia na realização, e consequentemente agregue valor proporcionando melhora na qualidade de vida as pessoas submetidas a confecção da estomia intestinal.

REFERÊNCIAS

  1. DO NASCIMENTO, Dayse Carvalho et al. Experiência cotidiana: a visão da pessoa com estomia intestinal. Estima–Brazilian Journal of Enterostomal Therapy, v. 14, n. 4, 2016.
  2. FARIA, Veridiana Bernardes et al. Influência da espiritualidade na vida da pessoa com estoma intestinal: uma revisão integrativa. Research, Society and Development, v. 11, n. 5, p. e12411527808-e12411527808, 2022.
  3. SILVA, Cynthia Roberta Dias Torres et al. Qualidade de vida de pessoas com estomias intestinais de eliminação. Acta Paulista de Enfermagem, v. 30, p. 144-151, 2017.
  4. Guia de atenção à saúde da pessoa com estomia / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Especializada em Saúde, Departamento de Atenção Especializada e Temática. – Brasília : Ministério da Saúde, 2021. 64 p. : il.
  5. PAULA, Maria Angela Boccara de; PAULA, Pedro Roberto de; CESARETTI, Isabel Umbelina Ribeiro. Estomaterapia em foco e o cuidado especializado. São Caetano do Sul, SP: YENDIS, 2014.
  6. Thum M; Paula MAB; Morita ABSP; Balista AL; Franck EM; Lucas PCC. Complicações tardias em pacientes com estomias intestinais submetidos à demarcação pré- operatória. ESTIMA, Braz. J. Enterostomal Ther., 16: e4218. https://doi/org/10.30886/estima.v16.660_PT
  7. DA ROCHA, José J. Ribeiro. Estomas intestinais (ileostomias e colostomias) e anastomoses intestinais. Medicina (Ribeirão Preto), v. 44, n. 1, p. 51-56, 2011.
  8. Consenso Brasileiro de Cuidado às Pessoas Adultas com Estomias de Eliminação 2020 organizadores Maria Angela Boccara de Paula, Juliano Teixeira Moraes. — 1. ed. — São Paulo : Segmento Farma Editores, 2021. PDF

Márcia Domingues

Enfermeira Estomaterapeuta Márcia Domingos de Oliveira da Silva

Membro Pleno SOBEST
Assessora de Comunicação e Marketing SOBEST
Supervisora de Educação Continuada _ SPDM
Habilitada em Podiatria_Stay Care
Proprietária M&D – Consultoria em Estomaterapia

pt_BRPortuguese

Armazenamos dados temporariamente para melhorar a sua experiência de navegação. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Saiba mais acessando nossa Política de Privacidade.