As Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) representam um conjunto de doenças crônicas que englobam como principais patologias a doença de Crohn (DC), Retocolite Ulcerativa (RCU) e a Colite Indeterminada.
Suas causas estão relacionadas a fatores genéticos, imunológicos, ambientais, alimentares e alteração da flora intestinal desencadeando lesões gastrointestinais, sendo mais frequentes em pessoas com idade entre 15 e 40 anos afetando sobremaneira a vida profissional e social do jovem acometido.
Elas acometem pessoas de diferentes classes socioeconômicas, idade, sexo e nacionalidade. Sua incidência tem aumentado em todo o mundo à medida que aumenta a capacidade de serem diagnosticadas, porém, a prevalência desses distúrbios no Brasil tem se tornado preocupante e a campanha Maio Roxo visa dar maior visibilidade a esta temática. Segundo Kotze e colaboradores, a incidência das DII está aumentando na América Latina e países do Caribe, sendo a incidência dessas doenças no Brasil bastante expressiva passando de 0,08 para cada 100.000 pessoas no ano de 1988 para 5,5 em 2015.
A doença de Crohn (DC) e a Retocolite Ulcerativa (RCU) tem sintomas parecidos, mas a RCU acomete apenas a mucosa do intestino grosso enquanto que a DC pode atingir o trato digestório da boca ao ânus, podendo provocar inflamações em todas as camadas intestinais. A Colite Indeterminada é a situação de acometimento do colo por um processo inflamatório de difícil caracterização entre RCUI e DC.
Os sinais e sintomas mais frequentes consistem em diarreia crônica podendo estar associada a cólicas abdominais, urgência evacuatória, falta de apetite, fadiga e, em casos mais graves anemia, emagrecimento e desnutrição.
Alguns desses pacientes apresentam, ainda, manifestações extraintestinais como lesões de pele ou oculares e dor nas articulações.
Mesmo com o acompanhamento e tratamento adequados com médico especialista, parte desses pacientes, em algum momento no decurso da doença, poderão ter que submeter-se a algum procedimento cirúrgico e em consequência disso a confecção de um estoma poderá tornar-se necessário.
O papel do Enfermeiro Estomaterapeuta é imprescindível para o acompanhamento desse paciente, visto que este profissional atua em diversos momentos e situações onde a administração de medicações específicas, o cuidado com estomas, fístulas, feridas, incontinência fecal e, principalmente o acolhimento ao paciente e familiares, tem extrema relevância e assim a minimização das dores e angústias frequentes diante deste serio e desconhecido problema de saúde!
REFERÊNCIAS:
1 – Kotze PG, Underwood FE, Damião AOMC, Ferraz JGP, Saad-Hossne R, Toro M, Iade B, Bosques-Padilla F, Teixeira FV, Juliao-Banos F, Simian D, Ghosh S, Panaccione R, Ng SC, Kaplan GG. Progression of Inflammatory Bowel Diseases Throughout Latin America and the Caribbean: A Systematic Review. Clin Gastroenterol Hepatol. 2020 Feb;18(2):304-312. doi: 10.1016/j.cgh.2019.06.030. Epub 2019 Jun 25. PMID: 31252191.
2 – McDowell C, Farooq U, Haseeb M. Inflammatory Bowel Disease. [Updated 2022 May 1]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK470312/
3 – Doença Inflamatória Intestinal, impactos sociais e qualidade de vida: Uma Revisão da literatura Ialy Beatriz Lima FerreiraI*; Maria Clara Teles de SouzaII; Raísa Kettlyn Simões de LimaIRev. Ciênc. Saúde Nova Esperança. João Pessoa-PB. 2021; 19(3): 204-210
4 – Byron C, Cornally N, Burton A, Savage E. Challenges of living with and managing inflammatory bowel disease: A meta-synthesis of patients’ experiences. Journal of Clinical Nursing [Internet]. 2019 Nov 11 [cited 2021 Aug 8];29(3-4):305–19. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31631440/
5 – Quilici FA, Miszputen SJ, editores. Guia prático: doença inflamatória intestinal. Rio de Janeiro: Elsevier; 2007
Dra. Tânia Lima
Especialista em Obstetrícia pela Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1980), Mestre em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ (2001), Doutora em Ciências pela Faculdade de Medicina da UFRJ (2011), Enfermeira Estomaterapeuta membro SOBEST®️ e Diretora Técnica da Clínica By Care.