Importância da Educação em Enfermagem no Contexto da Estomaterapia

Importância da Educação em Enfermagem no Contexto da Estomaterapia

A educação é um dos pilares da formação dos profissionais de saúde, em especial, de enfermagem. O enfermeiro estomaterapeuta tem como eixo basilar de sua atuação profissional, as ações educativas em serviço. Desempenha prática clínica baseada em evidência em vários seguimentos dos serviços de saúde, seja na rede pública quanto na rede privada.

Atualmente vem se fortalecendo a compreensão de que o processo educativo, que envolve a assistência, o ensino e a pesquisa promovem articulação entre alunos, professores, comunidade o que possibilita produção de novos conhecimentos. Além disso, favorece a troca e construção de saberes científicos, o trabalho em equipe, a definição de papéis e responsabilidades. Nesse sentido, a produção do conhecimento em Enfermagem em Estomaterapia deve ser pautada no desenvolvimento profissional por meio da capacitação contínua.

Os enfermeiros estomaterapeutas fazem consultoria para pacientes, médicos, enfermeiros, organizações de saúde e para o público em geral, sendo cada um responsável em garantir conhecimento atualizado1. A complexidade e a diversidade das ações assistenciais, exigem uma reflexão relacionada a formação profissional. Acredita-se que seja imperativo, iniciar o aprendizado específico para os alunos da graduação em enfermagem os quais serão os futuros profissionais a atuarem na estomaterapia2.

A qualificação profissional deve seguir conforme as necessidades do paciente e atualização continuada utilizando métodos educacionais conforme os avanços tecnológicos em benefícios dos pacientes sob nossos cuidados2.

As ações educativas do enfermeiro estomaterapeuta quando planejadas têm efeito positivo na qualidade de vida da pessoa com estomia e na prevenção das complicações. Devem ser individualizadas de acordo com as necessidades apresentadas3.

A atuação do enfermeiro estomaterapeuta é bastante relevante na atenção às pessoas com estomias, feridas de modo geral e incontinência urinária e anal. Os cuidados de enfermagem caracterizam-se pelo acompanhamento contínuo e constante. Sabe-se que devido à complexidade da atenção requerida torna-se um desafio exercer o papel de liderança e autonomia no acompanhamento do paciente visando seu enfrentamento de sua condição de saúde. As ações e intervenções no processo de cuidar são dinâmicas em que a prática deve ser pautada no conhecimento cientifico e nos princípios de promoção da saúde.

Faz-se necessária a valorização da educação em saúde como estratégia de transformações. É importante pensar nas mudanças com ênfase na qualidade de vida e na saúde dos nossos pacientes. Nesse sentido, o atendimento via teleconsulta é um recurso promissor que tem se mostrado eficiente em diversas áreas da saúde.

A Telenfermagem confere vantagens ao paciente uma vez que facilita a comunicação direta com o profissional, o monitoramento e controle da sua condição de saúde, diminui o seu deslocamento até os serviços de saúde, hospitais e ambulatórios. Assim, reduz exposição de riscos em transporte público e ambientes potencialmente insalubres, bem como racionalizar os recursos da saúde4. A telenfermagem já normatizada pela Resolução 696/22/COFEN5, se torna uma realidade facilitadora para o cuidado de enfermagem no contexto da Estomaterapia.

As inovações tecnológicas aplicadas à saúde possibilitam ações de cuidado mais qualificadas e geram melhores resultados para os profissionais e usuários do sistema de saúde. A facilidade e celeridade na comunicação pressupõem contribuir para que os usuários dos nossos serviços participem efetivamente das decisões relacionadas ao seu tratamento. Dessa forma, de posse das informações tornam-se cada vez mais exigentes e cobram dos profissionais mais resultados satisfatórios.

Por ocasião da consulta de enfermagem é frequente os pacientes verbalizarem situações em que ainda existe resistência de alguns profissionais não somente para a realização do manuseio do estoma, como também para as ações de educação em saúde no pós-operatório.

Na nossa experiência observa-se que, as orientações em saúde para o autocuidado ainda são limitadas. Geralmente os ensinamentos se resumem nos cuidados com a estomia e ao uso do equipamento coletor, portanto, é importante ultrapassar fronteiras na atuação profissional e abordar os aspectos relacionados às relações interpessoais, sexualidade, atividades da vida diária, vida laboral e dieta. Além disso, informar os recursos existentes na comunidade (serviços de atenção à saúde da pessoa com estomias, operadoras de saúde e locais para a aquisição de produtos), associações de pessoas com estomias e outros.

É importante pensar na educação como instrumento de mudanças na prática da Enfermagem em Estomaterapia com ênfase na prevenção de doenças, na promoção da saúde e na qualidade de vida dos pacientes.

Referências

1. Hibbert D. O WCET® & Educação Global em Enfermagem em Estomaterapia. ESTIMA, Braz. J. Enterostomal Ther.,17: e2119. https://doi.org/10.30886/estima.v17.807_PT.

2. Camargo JD, Motta RA. Viabilidade do Ensino Padronizado no Conteúdo de Estomaterapia na Graduação de Enfermagem: Proposta de Objeto de Aprendizagem Online. ESTIMA, v.14 n.3, p. 109-117, 2016. DOI: 10.5327/Z1806-3144201600030003.

3. Consenso Brasileiro de Cuidado às Pessoas Adultas com Estomias de Eliminação 2020. Organizadores Maria Angela Boccara de Paula, Juliano Teixeira Moraes. — 1. ed. — São Paulo : Segmento Farma Editores, 2021.

4. Nascimento BO, Souza NVDO, Santos DM, Silva PAS. Telemonitoramento em enfermagem para clientes em situação de Estomaterapia: Experiência inovadora para o processo ensino aprendizagem. Interagir: Pensando a Extensão, RJ, 1(26):73-8, 2018. https://doi.org/10.12957/interag.2018.39668

5. Resolução COFEN Nº 696/2022. Dispõe sobre a atuação da Enfermagem na Saúde Digital, normatizando a Telenfermagem. COFEN: Brasília; 2022.

Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-696-2022_99117.html. Acesso em 28 de maio de 2023.

Ana Lúcia da Silva

Ana Lúcia da Silva
Membro da Comissão de Ética e Assessora do Departamento de Educação da Associação Brasileira de Estomaterapia – SOBEST

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