Neste mês em que se comemora o mês da enfermagem, profissão essencial para o adequado funcionamento das instituições de saúde e para a qualidade do cuidado, faz-se necessário refletir sobre a formação destes profissionais.
Sabe-se que o conhecimento cresce e se modifica com muita rapidez e que os programas de formação precisam se adequar para garantir a qualidade do ensino, outras situações como por exemplo a pandemia do COVID, que se estendeu por um longo período, praticamente obrigou a criação de soluções, para dar continuidade ao desenvolvimento dos cursos em todos os níveis educacionais, especialmente com a utilização da internet, o que gerou a possibilidade de ampliação do ensino a distância (EAD). Porem, com o passar deste momento, essa estratégia, por mostra-se possível, menos onerosa e mais adequada ao tempo disponível, especialmente para o aluno, ganha muitos adeptos e se expande por todo o país, inclusive nos programas de pós-graduação stricto e latu sensu. E na Enfermagem isso não foi diferente. E a pergunta que fica é? Será possível ter uma boa formação em EAD para a área da Enfermagem?
Dito isto trago a discussão para a questão do especialista em Estomaterapia, uma especialidade que é exclusiva do enfermeiro, abrange o cuidado de pessoas com estomias, feridas e incontinência, teve início no Brasil na década de 1990, tem reconhecimento nacional e internacional, ganhou o país, e hoje temos representantes desta especialidade em todos os estados brasileiros, uma sociedade cientifica forte, organizada e que realiza o processo de acreditação dos programas de especialização, em todo Brasil, em nome do Conselho Mundial de Estomaterapia (World Council of Enterostomal Therapists – WCET), de acordo com as diretrizes internacionais, para favorecer a excelência da formação dos especialista que escolhem fazer um curso de especialização acreditado.
Por outro, uma vez que a especialidade cresce e ganha reconhecimento e destaque, muitas instituições de ensino se interessam por criar cursos de especialização em enfermagem em Estomaterapia, já que existe demanda para os cursos, porem muitas vezes sem buscar as informações necessárias para que o curso seja acreditado pela Associação Brasileira de Estomaterapia (SOBEST), vez que no Brasil, o Ministério da Educação, tem diretrizes simplificadas e que não contemplam as recomendações internacionais, em particular, na Estomaterapia, para cursos de especialização.
Uma das principais questões diz respeito a falta de prática especializada dos programas, o que é inadmissível. Já imaginou um profissional certificado que nunca teve a vivência do cuidado real, supervisionado por outro especialista? A prática de acordo com o WCET deve corresponder a cerca de 50% do curso, vejam só!! Outro aspecto observado em alguns programas ofertados é que muitos são exclusivamente EAD, com conteúdos bastante reduzidos, especialmente no que tange ao cuidado da pessoa com estomia e incontinência, assim nos preocupa em demasia, o caminho que muitos profissionais, pouco informados sobre a amplitude da especialidade, sua história e particularidades, acabam realizando cursos não acreditados e depois, muitas vezes, não se sentem preparados para o cuidado, não conseguem se associar a Sobest, pois fizeram cursos não acreditados, tem dificuldades em áreas específicas da especialidade, dentre outras questões.
Faz se necessário ampliar estas discussões, em âmbito nacional, vez que a formação é a base que sustenta o desenrolar da trajetória profissional, uma formação de excelência, favorece o desenvolvimento pessoal, mas sobretudo o cuidado das pessoas que demandam assistência especializada em Estomaterapia. Com a expertise da enfermagem em estomaterapia qualificada ajudamos a restaurar a autonomia e a dignidade das pessoas sob nosso cuidado, tecendo um futuro com mais qualidade de vida e renovada esperança.
Invista em uma formação de qualidade na estomaterapia: a chave para transformar vidas e construir um futuro onde o cuidado especializado faz toda a diferença.
Enfª ET Profª Dra Angela Boccara
Professor Doutor Mestre e Doutor EEUSP. Membro Titular Emerito Sobest. Membro Comite de Educacao Sobest. Presidente do Comite de Educacao Do Conselho Mundial de Estomaterapia
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