O dia 14 de março é reconhecido no Brasil como o Dia Nacional da Incontinência Urinária, uma data dedicada à conscientização sobre uma das disfunções pélvicas mais prevalentes: a incontinência urinária1. Instituído pelo projeto de Lei n.º 694 de 20222, seu objetivo é orientar a população brasileira sobre as causas, formas de prevenção e tratamentos disponíveis, além de reduzir o estigma associado ao problema.
A incontinência urinária (IU) é definida como toda e qualquer perda involuntária de urina, independente do volume3. A International Continence Society (ICS) e a International Urogynbecological Association (IUGA) descrevem os tipos mais comum entre as mulheres. A IU de esforço é caracterizada pela perda involuntária de urina em situações como tossir, espirrar ou pegar peso. A IU de urgência ocorre quando há uma perda urinária acompanhada de um desejo súbito e eminente de esvaziar a bexiga. Já a IU mista combina sintomas dos tipos anteriores (esforço e urgência)3.
As causas mais comum estão relacionados ao enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico, responsáveis pela sustentação dos órgãos pélvicos (bexiga, útero/ovário e reto). Além disso, fatores como alterações hormonais (especialmente na menopausa), sobrepeso, envelhecimento, histerectomia, entre outros, podem contribuir para o desenvolvimento da IU4. A condição afeta cerca de 10 milhões de brasileiros, sendo mais prevalentes em mulheres3. No entanto, apesar do impacto negativo na qualidade de vida, apenas 25% das pessoas com IU buscam tratamento5. Estima-se que 45% dos 4,2 bilhões de adultos com 20 anos ou mais, em todo mundo experimentem algum grau de IU6.
A criação do Dia Nacional da Incontinência Urinária também reforça a importância da educação em saúde, incentivando a identificação precoce dos sinais e sintomas da disfunção. Além disso, a data impulsiona campanhas de conscientização e promove programas de reabilitação pélvica, sendo tema de discussões nas universidades7.
Por fim, a iniciativa destaca que a IU não deve ser considerada uma consequência natural ou “normal” do envelhecimento. Existem tratamentos eficazes, sendo a primeira linha de abordagem o tratamento conservador, que inclui mudanças no estilo de vida, adequação da ingestão de água (30 ml/Kg peso diário), treinamento dos músculos do assoalho pélvico, prática de atividades físicas, cessão do tabagismo, controle de diabetes, entre outras medidas8. Com o diagnóstico precoce, é possível recuperar a qualidade de vida e minimizar os impactos dessa disfunção silenciosa. Procure um profissional especializado como o Enfermeiro Estomaterapeuta para que, por meio de uma avaliação eficaz, seja identificado o tratamento mais adequado para qualquer tipo de disfunção9.
Referências Bibliográficas
1 – Evangelista DR, Gazetta FADA, Assis LC de, Calamita Z. Prevalência de incontinência urinária em idosas e impacto na qualidade de vida/ Prevalence of urinary incontinence in elderly women and impact on quality of life. Brazilian Journal of Health Review. 2021;4(1):1588–602.
2 – Trad N (PSD/MS). Projeto de Lei n° 694 de 2022. Institui o Dia Nacional da Incontinência Urinária, e a Semana Nacional para Prevenção e Tratamento da Incontinência Urinária. [Internet]. Senado Federal. 2022 [cited 2025 Mar 12]. Available from: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/152365
3 – Fernandes ACN, Jorge CH, Weatherall M, Ribeiro I V, Wallace SA, Hay-Smith EJC. Pelvic floor muscle training with feedback or biofeedback for urinary incontinence in women. Cochrane Database of Systematic Reviews. 2025 Mar 11;2025(3).
4 – Marinho M de FD, Brilhante MMS, Magalhães AG, Correia GN. Avaliação da função dos músculos do assoalho pélvico e incontinência urinária em universitárias: um estudo transversal. Fisioterapia e Pesquisa [Internet]. 2021 [cited 2025 Mar 12];28(3):352–7. Available from: https://www.scielo.br/j/fp/a/GCCZTy3kkkqJzcgw5Cgvh3m/?format=pdf&lang=pt.
5 – Bergo PA, Alonso EMC, Brison KA, Pires LSS, Prates ME. Incontinência urinária: prevalência, classificação e manejo na população adulta. Brazilian Journal of Health Review. 2024 Apr 23;7(2):e69138.
6 – Abrams, Paul Cardozo, Linda Wagg, Adrian Wein A. Incontinence 6th edition. 6th Editio. Abrams, Paul Cardozo, Linda Wagg, Adrian Wein A, editor. ICUD ICS 2016. 2016. 2636 p.
7 – Cipriano MAB. Dia da Conscientização da Incontinência Urinária 14 de março [Internet]. Associação Brasileira de Estomaterapia: Estomias, Feridas e Incontinências. 2025 [cited 2025 Mar 12]. Available from: https://sobest.com.br/dia-mundial-da-conscientizacao-sobre-incontinencia-urinaria/.
8 – Todhunter-Brown A, Hazelton C, Campbell P, Elders A, Hagen S, McClurg D. Conservative interventions for treating urinary incontinence in women: an Overview of Cochrane systematic reviews. Vol. 2022, Cochrane Database of Systematic Reviews. John Wiley and Sons Ltd; 2022. 9. CTAS-COFEN. Parecer de câmara técnica no 04/2016/CTAS/COFEN [Internet]. Brasília. 2016 [cited 2023 Oct 21]. p. 1–3. Available from: https://www.cofen.gov.br/parecer-no-042016ctascofen/.

Marta Lira Goulart
Estomaterapeuta
Mestre em Ciências da Saúde
Responsável pelo Serviço de Reabilitação Pélvica Clínica Convacare
Membro do Conselho Científico Seccional SOBEST – SP