Dia Mundial da Conscientização sobre Incontinência Urinária – 14 de março

Dia Mundial da Conscientização sobre Incontinência Urinária.

CONHEÇA O PROGRAMA DE REABILITAÇÃO ÀS PESSOAS COM DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO IMPLANTADO EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

O programa de reabilitação ao paciente com disfunção do assoalho pélvico é um projeto de extensão que foi criado em 2020 no Hospital Universitário do Ceará, objetivando interação e o cuidado aos pacientes com disfunções do assoalho pélvico, especificamente as disfunções miccionais, tendo seu seguimento e atendimento ambulatorial.

A proposta surgiu a partir da percepção de carência de ações educativas e reeducação aos pacientes com agravantes no assoalho pélvico, tendo impacto negativo na sua recuperação física e psicológica.

As disfunções do assoalho pélvico (DAP) aqui são representadas pela bexiga hiperativa (BH), prolapsos dos órgãos pélvicos (POP), disfunções sexuais e incontinência urinária (IU). A IU afeta mais de 200 milhões de pessoas no mundo, considerada um problema de saúde pública, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (CUNHA, 2016). A baixa investigação de perdas urinárias pelos profissionais de saúde, e as dificuldades de expressar queixas pelos indivíduos acometidos, dificultam as ações voltadas para sua prevenção.

As disfunções do assoalho pélvico podem acometer em média 23% das mulheres, dessas, mais de 50% após menopausa, pelo menos 15% das multíparas (BRANDÃO; IANEZ, 2013; SILVA; MAGLINTE, 2013). A prevalência da IU em todo o mundo varia entre 25 e 45% (BENÍCIO, 2016).

Pesquisa realizada pela Urogynecology Clinic in the Kaiser Permanente Health Care Program in Southern revelou que as DAPs devem aumentar em 45% até 2030 (KIRBY; LUBER; MENEFEE, 2013). Essas condições afetam consideravelmente a qualidade de vida e resultam em uma variedade de sintomas, levando a estresse psicológico e ausência no trabalho (SEYNAEVE, et al., 2006; BRANDÃO; IANEZ, 2013; SILVA; MAGLINTE, 2013).

As DAPs sendo muito comuns entre as mulheres, os fatores de riscos associados e citados na literatura são: idade avançada, sobrepeso, mulheres multíparas, tipos de partos, peso do recém-nascido, intervenções cirúrgicas de caráter ginecológico, deficiência hormonal, menopausa, uso de medicamentos e fatores genéticos. Estudos adicionais são necessários para investigar o impacto na produtividade do trabalho, relações causais com ocupação e a realização de intervenções de prevenção e tratamento direcionadas a essa população (CONSENSUS, 2020)

Considerando o contexto atual veio a necessidade de implantarmos um serviço integralizado e multiprofissional que atendesse esta demanda de pessoas com disfunções do assoalho pélvico.

Muitos usuários ainda são vítimas de preconceitos e estigmas nos serviços de saúde, no entanto, para reverter a situação, é preciso haver uma mudança comportamental a partir dos profissionais de saúde. Os pacientes com incontinências urinárias muitas vezes enfrentam desafios, medos e dificuldades em seu dia a dia, e os problemas são agravados pela desinformação da condição de saúde.

Desse modo, a partir do autoconhecimento e difusão de ações educativas aos familiares e a sociedade, considera-se uma ferramenta essencial no tratamento, a fim de reduzir o estigma junto aos pacientes.

Para tanto, o programa está fundamentado na teoria humanística de Paterson e Ziderad (1988), onde saúde é vista como algo mais do que simplesmente ausência de doença, propiciando interação entre profissional e indivíduo, baseado no diálogo pleno com elementos essenciais: encontro, relação, presença, atendendo às necessidades do cliente.

O programa vem proporcionar um atendimento visando o “bem-estar” e o “estar-melhor” na qualidade de vida a pessoas com disfunções urinárias, com preceitos humanísticos e estratégias educativas na reeducação vesical, como também criar um campo de treinamento teórico-prático para discentes dos cursos de enfermagem e outras áreas da saúde afins.

As ações são destinadas aos pacientes ambulatórias, focando atividades de reabilitação e reeducação do assoalho pélvico. As disfunções pélvicas são identificadas nos relatos de sintomas da consulta de enfermagem, utilizamos questionário elaborado com base na literatura.

Os fatores associados às DAPs são avaliados numa ficha de identificação, classificados em: ginecológicos, obstétricos, clínicos, comportamentais, como também os dados sociodemográficos. Abordamos as terapias comportamentais, podendo ser adjuvante ao tratamento farmacológico ou cirúrgico. Dispomos de biofeedback associado aos exercícios de fortalecimento dos músculos pélvicos e eletroestimulação.

Outras ações desempenhadas pelo enfermeiro estomaterapeuta: ensino-aprendizagem do cateterismo intermitente limpo, dilatação de uretra, passagem de sonda vesical de demora, troca de cateter supra púbico e instilação de medicação intravesical.

Utilizamos a Declaração de Consenso sobre o treinamento da bexiga, usada por enfermeiros no desenvolvimento e implementação de plano de cuidados na promoção da continência urinária (CONSENSU, 2020).

Maria Aneuma Bastos Cipriano

Enfa Dra Maria Aneuma Bastos Cipriano.

Enfermeira Estomaterapia membro pleno SOBEST®
Doutora em enfermagem em promoção da saúde.
Enfermeira do serviço de urologia do HOSPITAL UNIVERSITARIA WALTER CANTÍDIO – UFC.
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