O que preciso saber sobre Lesão na Pele Periestomia?

Nossa pele possui uma microbiota bacteriana residente, essas bactérias são encontradas na epiderme e no folículo piloso principalmente. Através da análise de culturas destes locais e baseado em estudos realizados foi possível saber que a pele ao redor da estomia de eliminação apresenta bactérias entéricas (intestinais) e a distribuição de pilosidade na parede abdominal pode favorecer esse tipo de
contaminação.


As lesões na pele periestomias são comuns em adultos e crianças com estomias de eliminação. Essa condição repercute em desconforto, causando transtornos e impactos na qualidade de vida da pessoa, dessa forma a avaliação sistemática e contínua se torna imprescindível, tendo como pontos de maior
relevância a extensão e gravidade da lesão. Esses agravos podem ser sanados mediante o levantamento do diagnóstico de enfermagem em estomaterapia, o que trará subsídios para a implementação de intervenções específicas quanto aos cuidados integrais a pessoa com estomia de eliminação.


A lesão na pele periestomia é caracterizada por um processo patológico que envolve lesões de pele ao redor da estomia e que se manifestam por sinais de eritema (vermelhidão), calor e dor, podendo ocorrer de forma aguda ou crônica, com ou sem ruptura da integridade da pele.


Existem fatores individuais que podem contribuir para o surgimento das lesões de pele periestomia, tais como: doenças cardíacas, respiratórias, metabólicas, hepática, autoimunes, a idade (principalmente nos extremos de idade), bem como os tratamentos como quimioterapia e/ou radioterapia, uso de corticoides entre outras medicações. Podemos fazer menção dos fatores externos que podem contribuir para o surgimento das lesões na pele periestomia, são eles: o uso de agentes irritantes
para higienização da pele ao redor da estomia, associado ou não a frequência e o período de exposição das eliminações (fezes e/ou urina).


Juntamente com as alterações na pele, o uso dos equipamentos coletores e/ou adjuvantes inadequadamente prescritos é de fundamental importância o fornecimento de informações e orientações sobre auto cuidado e o manejo dos equipamentos, o ajuste dos equipamentos coletores abaixo das roupas, sem causar dobras no plástico da bolsa coletora, entre outros.

Outro contribuinte para o surgimento das lesões na pele é a construção da estomia por meio de técnica cirúrgica inapropriada, tendo em vista a localização da confecção da estomia no abdome e o segmento intestinal exteriorizado que está diretamente exibido na consistência e frequência das eliminações.


Os equipamentos coletores para estomias intestinais e/ou urinários se referem a bolsas de sistemas de uma ou duas peças (único ou composto), descartáveis, visam coletar as eliminações (fezes e/ou urina) e são fixadas à pele, ao redor da estomia por uma base adesiva.


As bolsas atualmente são confeccionadas por plásticos transparentes, para melhor visualização da estomia e as eliminações, ou opacos, sendo um material polimérico sintético, hipoalergênico, não tóxico, flexível, silencioso ao contato com a roupa, apresenta baixa permeabilidade a gases e resistentes ao rompimento.


Apresentam-se com altura e largura para utilização em neonatologia, pediatria e adultos. Seus formatos são definidos para as categorias de fechadas e drenáveis. As bolsas drenáveis apresentam um formato afunilado, isto é, possuem em seu comprimento com campo proximal mais largo, onde se acomoda a estomia e uma abertura na porção distal para drenagem das fezes/urina/gases, bem como e para
higienização interna da bolsa.


As bases adesivas são fabricadas com o equilíbrio dos polímeros hidrofílicos e hidrofóbicos em proporções balanceadas para a prevenção e tratamento da pele periestomia. Os componentes hidrofílicos são hidrocolóides que por sua vez são substâncias naturais em que as partículas se dispersam em água, como a karaya, gelatina, pectina e o amido de batata, possuindo propriedades físicas para a absorção de umidade da própria pele e dos efluentes Os componentes hidrofóbicos são
substâncias sintéticas que não se misturam com a água, sendo os mais utilizados o poli-isobutileno (PIB) e o styrene-isoprene-styrene (estireno – isopreno – estireno) (SIS) pois suas características estão relacionadas com a resistência, elasticidade e período de adesividade. As bases adesivas são apresentadas como plana ou convexa; recortáveis e recortadas e de diversas dimensões.


Os equipamentos adjuvantes são complementos dos equipamentos coletores, pois potencializam os resultados esperados. Os equipamentos adjuvantes são categorizados quanto: ao desempenho, com a utilização de guia para mensuração da estomia, disco e anel para convexidade rígidos ou de resina sintética para casos nos quais as estomias encontram-se rasas, retraídas ou localizadas em pregas cutâneas e cinto elástico ajustável; quanto à segurança com a utilização de aro para fixação de cinto, presilha para fechamento de cinta abdominal para hérnia paracolostômica; quanto à proteção pele periestomia, com o uso de resina sintética em pasta ou pó ou tiras ou placa, polímero acrílico alcoólico e não alcoólico; quanto ao conforto, desodorizante líquido, filtro de carvão ativado avulso ou acoplado, espessante para efluente, lenço removedor de adesivo, coletor urinário de perna e noturno e controle
intestinal, conjunto para irrigação oclusor/obturador de colostomia.


A prevenção e tratamento das lesões de pele periestomia são atividades de média complexidade e envolvem um arsenal de fundamentos técnicos científicos, conhecimentos específicos, habilidades, atitudes e experiência na avaliação do paciente que culminam na prescrição apropriada dos equipamentos coletores e adjuvantes, individualizando a assistência. Esse conhecimento é fundamental para o processo de reabilitação biopsicossocial e espiritual, o que irá favorecer a qualidade de vida da pessoa com estomia. Ainda falando sobre prevenção e tratamento das lesões da pele periestomia se torna essencial o fornecimento de orientações específicas quanto da remoção (sem traumas), higienização e recolocação dos equipamentos coletores para evitar lesões da pele periestomia.


O uso de tecnologias de acesso à internet ou outra rede de comunicação com as informações de fotografias digitais ou tele consulta podem ocorrer uma assistência específica mais rápida nas lesões de pele periestomia, gerando mais segurança e conforto para o paciente ou pais e a própria equipe multiprofissional.


Referência

  1. Silveira, Néria Invernizzi da. Tradução e adaptação cultural do instrumento: “The SACS TM Instrument”. 2018. 111 f. Dissertação (Mestrado em Educação nas Profissões da Saúde) – Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação nas Profissões da Saúde, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Sorocaba, 2018. https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/21226.
  2. Silveira NI; Lanza LB (2019) Cross-cultural adaptation, content validity index, and interobserver reliability of The SACSTM Instrument: Assessing and classifying peristomal skin lesion. ESTIMA, Braz. J. Enterostomal Ther., 17: e1919. https://doi.org/10.30886/estima.v17.768_
Profa  Néria Invernizzi da Silveira - Enfermeira Estomaterapeuta TiSOBEST e Segunda Secretário da Associação Brasileira de Estomaterapia - SOBEST

Profa Néria Invernizzi da Silveira – Enfermeira Estomaterapeuta TiSOBEST e Segunda Secretário da Associação Brasileira de Estomaterapia – SOBEST

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