Para gerar uma estomia, em situações eletivas ou de urgência, é necessário a realização de procedimento cirúrgico ou endoscópico visando a construção de um trajeto alternativo que irá realizar a comunicação entre o meio externo e o meio interno de um órgão. Esta estomia poderá ser para eliminação de urina ou fezes, assim como auxílio na respiração ou alimentação.
Uma estomia sempre tem por objetivo promover qualidade de vida a pessoas que passam por momentos complexos em seu processo saúde-doença. Contudo esta pessoa poderá apresentar uma série de complicações no período pós-operatório imediato, ou seja, ocorrem dentro das primeiras 24 horas após a cirurgia, outras complicações podem ocorrer entre o primeiro e o sétimo dia da cirurgia e são classificadas como precoces. Por fim, existem as complicações tardias, que se manifestam após a alta hospitalar, podendo ocorrer até meses depois do procedimento. Dentre as complicações tardias, destaca-se a formação do granuloma.
O granuloma é um tipo de lesão que ocorre na pele periestomia ou na mucosa ao redor da estomia, geralmente tem aspecto de pequenos nódulos com medida entre 2 – 10 mm, apresentando uma coloração vermelha. Podem ocorrer com maior incidência nas urostomias devido a presença de umidade constante, mas também ocorrem nas ileostomias, colostomias, traqueostomias, gastrostomias e nefrostomias.
Apresenta-se como um tecido reativo caracterizado por uma lesão protusa, vermelha, úmida, de progressão lenta, podendo ser friável e sangrar facilmente.
O tecido de granulação é o tecido novo que se forma quando uma ferida está cicatrizando, porém o granuloma é o excesso de tecido de granulação, podendo se formar ao redor das estomias.
Os granulomas são considerados uma das principais complicações periestomia, pois podem causar infecção, desconforto a manipulação, ou interferir na substituição do dispositivo/cateter em gastrostomia, traqueostomia, nefrostomia ou na aderência do equipamento nas estomias urinárias e intestinais, causando extravasamentos.
As causas do granuloma incluem o excesso de movimento do cateter, excesso de umidade local, pressão próximo a estomia, trauma na estomia ou presença de infecção.
Para o tratamento do granuloma podem ser utilizados protocolos envolvendo o uso de soluções salinas hipertônicas, cremes corticóides conforme orientação médica, o uso do nitrato de prata visando “cauterizar” o tecido de hiper granulação, crioterapia, uso de tecnologias de absorção como espumas e alginatos de cálcio, todos promovendo a sua redução ou remoção.
A remoção das suturas cirúrgicas se faz necessária após o período de cicatrização da estomia, nesse contexto, é fundamental reconhecer as complicações e agravos através de um diagnóstico diferencial, possibilitando reconhecer inclusive a presença de tecido neoplásico.
Uma das maneiras de prevenir a formação do granuloma em estomias de eliminação é realizar a proteção da pele periestomia através do uso de barreiras protetoras de pele e recorte adequado da base de hidrocolóide.
A consulta de enfermagem com o enfermeiro estomaterapeuta de referência ou enfermeiro capacitado para o atendimento a pessoas com estomia é de grande importância, independentemente da localização da estomia.
Uma avaliação individualizada, prescrição de cuidados com a pele, equipamentos, dispositivos e adjuvante adequados, são fundamentais e devem seguir as melhores práticas assistenciais baseadas em evidências cientificas.
Edson Maruyama Diniz
Enfermeiro Estomaterapeuta, Atua como enfermeiro na Prefeitura Municipal de São Paulo em uma Unidade de Assistência Domiciliar, Social Media Marketing Editor na Revista ESTIMA e Assessor do Departamento de Comunicação e Marketing da Associação Brasileira de Estomaterapia – SOBEST. Gestão 2021 – 2023.
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