Uma atualização sobre lesão por fricção (LF)

UMA ATUALIZAÇÃO SOBRE LESÃO POR FRICÇÃO (LF)

Lesão por Fricção (LF) vem sendo discutida e estudada desde a década de 1990. Inicialmente foi descrita por Payne e Martin (1993), que a caracterizaram como uma lesão advinda do trauma, seja ele por fricção ou fricção e cisalhamento da pele, levando ao afastamento entre epiderme e derme (PAYNE; MARTIN, 1993 apud STRAZZIERI-PULIDO, 2010), sendo na ocasião denominada skin tears. Posteriormente, esse conceito foi ampliado, como o descrito por Carville et al. (2007) e traduzido, validado e adaptado transculturalmente no Brasil, por Strazzieri-Pulido (2010), a qual a descreve como uma lesão traumática, proveniente da fricção ou associação entre fricção e cisalhamento, separando a epiderme da derme (espessura parcial) ou separando a epiderme e a derme de estruturas subjacentes (espessura total).                

Atualmente, o Internacional Skin Tear Advisory Panel (ISTAP), a ampliação do conceito engloba que são lesões advindas do cisalhamento, fricção, ou contusão, o que ocasiona separação das camadas da pele, podendo esta ser descrita como parcial ou total. Na primeira, há separação entre epiderme e derme, na segunda, separação tanto da epiderme quanto da derme (LEBLANC; BARANOSKI, 2011; LEBLANC et. al. 2013; LEBLANC et al., 2016).

Nesse sentido, a predição do risco é essencial para que sejam implementadas ações preventivas. Para tanto, a ISTAP elaborou ferramenta para prevenção, identificação de fatores de risco e tratamento de LF, incluindo um instrumento para direcionar a estratificação de risco de ruptura da pele (LEBLANC; BARANOSKI, 2013).

Lesão por Fricção
Fonte: LEBLANC; BARANOSKI, 2013.

Após a instalação da lesão, avaliação criteriosa é fundamental devendo incluir fatores como: idade, histórico de saúde e comorbidades associadas. Em se tratando da lesão propriamente dita, sugere-se avaliar: localização anatômica, tempo de duração, dimensões, características teciduais, características da exsudação e/ou necrose, presença de hemorragia ou hematoma, características da pele perilesional e sinais e sintomas inflamatórios. Posterior à avaliação deve-se considerar sua categorização e realização de registros adequados (STEPHEN-HAYNES; CARVILLE, 2011).

A primeira ferramenta desenvolvida para este fim foi criada por Payne e Martin, em 1990 e atualizada em 1993, prevendo a classificação da lesão em três graus distintos (PAYNE; MARTIN, 1990 apud STEPHEN-HAYNES, 2014; PAYNE; MARTIN, 1993 apud, STEPHEN-HAYNES, 2014). Posteriormente, pesquisadores australianos desenvolveram a ferramenta intitulada Skin Tear Classification – STAR (CARVILLE et. al, 2007). No intuito de sistematizar o conhecimento acerca das lesões por fricção no Brasil foi proposta a adaptação cultural, validação de conteúdo e confiabilidade desta ferramenta (STRAZZIERI-PULIDO, 2010; STRAZZIERI-PULIDO; SANTOS; CARVILLE, 2015).  

Classificação de Lesão por Fricção
Fonte: STRAZZIERI-PULIDO, 2010.

Cabe destacar que o ISTAP também desenvolveu e validou uma ferramenta, a qual visa classificar a LF, permitindo linguagem universal, classificando-a em três categorias distintas (tipo 1,2 e 3), em consonâncias às características das lesões.

Classificação de Lesão
Fonte: LEBLANC; BARANOSKI, 2013.

Doravante o cuidado de enfermagem deve estar pautado em estratégias preventivas para redução desses traumas, e quando instaladas as lesões, o foco deve estar pautado no controle da dor, hemorragia e de processo infeccioso, no intuito de favorecer o processo cicatricial.

O ISTAP estabelece que a escolha da cobertura também se configura como fator essencial para que o processo cicatricial ocorra adequadamente, para tanto, a mesma deve ser capaz de manter úmido o leito da lesão, controlar sangramento, exsudação e infecção, além de proteger a pele perilesional (LEBLANC; BARANOSKI, 2013).

As coberturas mais indicadas para o tratamento de LF são aquelas à base de octilcianoacrilato ou silicone, no entanto, a condução do cuidado em relação ao tratamento deve levar em consideração as características da lesão, o quadro clinico da pessoa/paciente, os insumos disponíveis, além do conhecimento e instrumentalização dos profissionais envolvidos nesse cuidado.

REFERÊNCIAS

STRAZZIERI-PULIDO,  Kelly  Cristina. Adaptação cultural e  validação  do  instrumento  “STAR skin tears classification System” para a língua portuguesa. 2010. 189 f. Dissertação (Mestrado)  -Curso  de  Mestrado  em  Enfermagem,  Escola  de  Enfermagem  da  Universidade  de  São  Paulo,  São Paulo,  2010.  Disponível  em:< http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7139/tde-23122010-103305/pt-br.php> Acesso em 20 abr. 2022.
CARVILLE, Kerolyn et al. STAR: a consensus for skin tear classification. Primary Intention, v. 15,n. 1, p.18-28, fev. 2007. Disponível em:< http://www.woundsaustralia.com.au/journal/1501_03.pdf> Acesso em 08 de abr. 2021.
LEBLANC, Kimberly; BARANOSKI, Sharon. Skin Tears: State of the Science: Consensus Statements for the Prevention, Prediction, Assessment, and Treatment of Skin Tears. Adv Skin Wound Care, v. 24, n. 09. 2011. 02-15 Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21876389> Acesso em: 10 dez. 2021.
LEBLANC, Kimberly et al. Validation of a New Classification System for Skin Tears. Advances in Skin & Wound Care, v. 26, n.6, jun., 2013. Disponível em:< https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23685526> Acesso em: 08 mar. 2022.
LEBLANC, Kimberly et al. The Art of Dressing Selection. Advances In Skin & Wound Care, [s.l.], v. 29, n. 1, p.32-46, jan. 2016. Disponível em: <https://journals.lww.com/aswcjournal/Fulltext/2016/01000/The_Art_of_Dressing_Selection__A_Consensus.10.aspx>. Acesso em: 08 mar. 2022.
STRAZZIERI-PULIDO, Kelly Cristina; SANTOS, Vera Lúcia Conceição de Gouveia; CARVILLE, Keryln. Cultural adaptation, content validity and inter-rater reliability of the STAR Skin tears Classification System. Revista Latino-americana de Enfermagem, [s.l.], v. 23, n. 1, p.155-161, fev. 2015.Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rlae/article/view/100052>. Acesso em: 01 de jan. 2022.
STEPHEN-HAYNES, Jackie. The Prevention and Management of Skin Tears and Lacerations. WHCT: 2014. Disponível em: <http://www.hacw.nhs.uk/EasySiteWeb/GatewayLink.aspx?alId=84164.> Acesso em 08 mar. 2022
STEPHEN-HAYNES, Jackie; CARVILLE, Keryln. Skin Tears Made Easy. Wounds International, v. 2, n. 4, nov., 2011. Disponível em: < http://www.woundsinternational.com/media/issues/515/files/content_10142.pdf.> Acesso em 20 abr. 2022.
LEBLANC, Kimberly et al. Best Practice Recommendations for care and Prevention. Nursing, v. 44, n. 5, maio, 2014. Disponível em: < http://www.nursingcenter.com/cearticle?an=00152193-201405000-00011> Acesso em: 20 abr. 2022.

Juliana Balbinot Reis Girondi

Prof.ª Dr.ª Juliana Balbinnot Reis Girondi

Francisco Reis Tristão

Enf.º Ms. Francisco Reis Tristão

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