A escolha do equipamento coletor para estomias em pediatria requer uma abordagem cuidadosa e individualizada, considerando as necessidades anatômicas e fisiológicas das crianças, além de suas características emocionais e sociais. Primeiramente, é fundamental avaliar o tipo de estomia (colostomia, ileostomia ou urostomia), seu posicionamento, o volume e a consistência do efluente. Essas informações guiam a escolha entre sistemas de uma peça ou duas peças, coletores drenáveis ou descartáveis, além do tamanho e do formato do equipamento, garantindo um encaixe funcional e confortável para a pessoa com ostomia.
Outro aspecto relevante é a fragilidade da pele periestomal em crianças, especialmente nos primeiros meses de vida, quando a pele é mais sensível. A barreira protetora deve ser escolhida com base na necessidade de proteção e no tipo de adesivo, evitando lesões e dermatites associadas ao uso prolongado do coletor. Produtos hipoalergênicos, de fácil aplicação e remoção, são preferíveis. Além disso, é importante verificar se a barreira é capaz de acompanhar os movimentos do corpo da criança, permitindo liberdade sem comprometimento da vedação.
O crescimento rápido das crianças é um desafio adicional, exigindo ajustes regulares no equipamento para acompanhar mudanças no tamanho e formato do abdômen. Profissionais de saúde, como enfermeiros estomaterapeutas, devem monitorar frequentemente a adequação do coletor, orientando os cuidadores sobre como medir e cortar corretamente a barreira para evitar vazamentos e complicações. Essa adaptação constante ajuda a prevenir complicações e a garantir que a criança tenha uma experiência confortável e segura com o equipamento.
A escolha do equipamento também deve considerar aspectos psicossociais, como a discrição e a aceitação pela criança e pela família. Sistemas discretos e de fácil manuseio podem ajudar na adaptação da criança ao uso diário. É crucial envolver os cuidadores na escolha e no treinamento do uso do coletor, garantindo que eles se sintam confiantes em realizar a troca e a manutenção do equipamento. O acompanhamento regular por uma equipe multidisciplinar ajuda a assegurar que o equipamento atenda plenamente às necessidades da criança e proporcione qualidade de vida para ela e sua família.
No Brasil, há uma diversidade de equipamentos coletores para estomias pediátricas disponíveis, atendendo às especificidades dessa faixa etária. Fabricantes como Convatec, Hollister, Coloplast e outras marcas oferecem sistemas de uma e duas peças, com opções drenáveis e descartáveis em tamanhos reduzidos, especialmente adaptados para bebês e crianças. Além disso, é possível encontrar barreiras protetoras com adesivos hipoalergênicos e flexíveis, adequadas para a pele sensível das crianças. A oferta nacional tem crescido, mas ainda pode haver variações na disponibilidade regional, especialmente em sistemas públicos de saúde, como o SUS. Nessas situações, os enfermeiros estomaterapeutas têm papel essencial em orientar sobre as opções e personalizar o uso dos coletores disponíveis, garantindo conforto e funcionalidade para a criança e sua família.
Modelos de Equipamento Coletor Infantil
Referências Bibliográficas
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Suzana Aparecida da Costa Ferreira
Mestre em Saúde do Adulto pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EEUSP)
Especialista em Estomaterapia pelo Centro Universitário São Camilo
Especialista em Enfermagem Oncológica pela Fundação Antonio Prudente – AC Camargo Cancer Center
Especialista em Docência pela Universidade Nove de Julho
Estomaterapeuta de um Hospital Dia da Prefeitura de São Paulo
Membro do Grupo de Pesquisa em Estomaterapia: estomas, feridas agudas e crônicas e incontinências urinária e anal da USP
Membro e Assessora de Marketing da Associação Brasileira de Estomaterapia – SOBEST