As queimaduras são ocasionadas por agentes térmicos, químicos, elétricos e radiação, causando lesões e danos cutâneos, com destruição parcial ou total da pele, destruindo a primeira barreira do organismo contra agentes infecciosos, além de alterar a homeostase hidroeletrolítica.
Para avaliar o grau de comprometimento, as queimaduras são classificadas de acordo com a extensão e profundidade do dano causado. São elas: primeiro grau, acomete somente a epiderme; segundo grau, envolve a epiderme e parcialmente a derme; e terceiro grau, atinge todas as camadas da pele.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no mundo, as queimaduras estão em quarto lugar como tipo de trauma mais comum, tornando-se assim um problema de saúde pública. Causando cerca de 180.000 mortes por ano, a maioria das quais ocorre em países de baixa e média renda e quase dois terços nas regiões africanas e asiáticas.
No Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), por ano ocorrem um milhão de casos de queimaduras, e apenas 10% procuram atendimento hospitalar; destes, 2.500 casos vão a óbito de forma direta ou indireta em consequência das lesões. Estão entre as principais causas externas de morte registradas no Brasil, ocorrendo em maior incidência em ambiente doméstico e na população adulta e idosa, sendo as principais causas as escaldaduras por líquidos quentes ou relacionadas à violência doméstica.
Embora a maioria das queimaduras seja pequena e de baixa mortalidade, as maiores, mesmo as de espessura parcial, necessitam de cuidados especializados devido à alta mortalidade e por levar a resultados desfigurantes, como cicatrizes hipertróficas, queloides e contraturas.
O tratamento é um desafio tanto pelas lesões apresentadas, como pelas muitas complicações que esse tipo de trauma pode vir a desencadear, como sequelas importantes que podem interferir na qualidade de vida dessas pessoas. Torna-se indispensável uma abordagem integral e multidisciplinar à pessoa vítima de queimadura que deve ser avaliada em todos os aspectos (físico, econômico e social).
O Enfermeiro Estomaterapeuta possui habilidades especializadas para cuidar de forma técnica-científica a pacientes vítimas de queimadura, ele atua na avaliação, tratamento, gerenciamento das lesões, e ainda, contribuindo significativamente para a recuperação do paciente de forma integral.
Referências Bibliográficas:
– Brasil. Ministério da Saúde. Cartilha para tratamento de emergência das queimaduras [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2012 [acessado em 18 mai. 2024]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_tratamento_emergencia_queimaduras.pdf
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Enf.ª ET TISOBEST Amelina Belchior
Doutoranda e Mestre em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde na Universidade Estadual do Ceará (UECE).
Integrante do Grupo de Pesquisa Segurança do Paciente Tecnologia e Cuidados Clínicos – SETECC (UECE).
Secretária da SOBEST seccional Ceará – gestão 2024-2026.