6 de junho – dia nacional da luta contra queimaduras

Junho Laranja Luta contra queimaduras

Queimaduras constituem traumas potencialmente graves, acarretando sequelas físicas, psicológicas e sociais. Sua ocorrência está relacionada a situação de vulnerabilidade socioeconômica. Assim, estima-se que ocorram no mundo, 260.000 mortes por ano relacionadas a incidentes por queimadura, aproximadamente 90% em países de baixo índice de desenvolvimento socioeconômico.

No Brasil, estimativas do Sistema único de saúde apontam que ocorram, aproximadamente, 1.000.000 de acidentes com queimaduras por ano. Desses, aproximadamente, 100.000 pacientes buscam atendimento hospitalar e cerca de 2.500 morrem direta ou indiretamente devido às suas lesões. Esses pacientes demandam cuidados especializados em diferentes níveis de complexidade, em diversos pontos da rede de atenção, desde de a atenção primária até reabilitação.

Neste sentido, o Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras, instituído em 6 de junho, pela Lei nº 12.026, de 9 de setembro de 2009, tem como objetivo de divulgar as medidas preventivas para a redução de acidentes, ampliando o debate com a população, instituições públicas e privadas. Assim, cabe apontar que a maior parte das queimaduras ocorre por exposição à álcool, chama e líquidos quentes, no ambiente doméstico, acometendo principalmente crianças até cinco anos de idade. Portanto, para a prevenção desse tipo de acidentes alguns cuidados importantes são: manter crianças longe da cozinha, do fogão, do alcance de substâncias inflamáveis; cozinhar utilizando as bocas de trás do fogão e mantendo cabos de panela virados para dentro; manter comidas e líquidos quentes longe do alcance do crianças; manter sólidos aquecidos como ferro de passar longe do alcance do crianças; manter crianças longe de rojões e fogos de artifício.

Ainda, embora a maior parte dos acidentes envolva crianças, é importante prevenir esses acidentes em adultos, geralmente relacionados a acidentes domésticos ou de trabalho. Assim, são alguns cuidados importantes: não utilizar álcool para limpar cozinha ou outras áreas quentes, como churrasqueira; não utilizar álcool para iniciar fogo em churrasqueiras; atentar para a integridade de fios, tomadas de aparelhos elétricos; utilizar acendedores longos ao acender lareira ecológica; não utilizar álcool gel em lareiras ecológicas; utilizar equipamentos de proteção individual ao manusear rede elétrica.

Quanto ao tratamento das feridas por queimadura, esse dependerá da extensão e profundidade. Queimaduras de primeiro grau, que acometem a epiderme, necessitam hidratação e reepitelizam de três a cinco dias. Queimaduras de segundo grau superficial, que acometem a camada mais superficial da derme, reepitelizam em três semanas em condições favoráveis. O curativo tem como objetivo manter o meio úmido, controlar a dor e promover a reepitelização, podendo ser utilizadas coberturas com interface antiaderente.

Queimaduras de segundo grau profundo, que acometem camada profunda da derme e queimaduras de terceiro grau, que acometem toda a espessura da derme e tecidos subjacentes, necessitam tratamento cirúrgico com excisão e enxertia. O curativo tem como objetivo, na fase inicial, prevenir a infecção local e invasiva da queimadura, para isso, são utilizadas sulfadiazina de prata 1%  e diversas coberturas com prata iônica ou nanocristalina, de ação prolongada. Após a excisão e enxertia são necessários curativos com coberturas antiaderentes, para promover a integração do enxerto. Tecnologias avançadas com terapia por pressão negativa e fotobiomodulação podem ser necessárias para promover a cicatrização de queimaduras profundas.

Em caso de acidentes, recomenda-se lavar a área em água corrente, cobrir com pano limpo e úmido e procurar atendimento em hospital ou Unidade de Pronto Atendimento, ou acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), ligando para o número 192.

Referencias

https://www.sbqueimaduras.org.br/noticia/dia-nacional-de-luta-contra-queimaduras
Citron I, Amundson J, Saluja S, Guilloux A, Jenny H, Scheffer M, et al. Assessing burn care in Brazil: An epidemiologic, cross-sectional, nationwide study. Surgery. 2018;163(5):1165-72. doi: 10.1016/j.surg.2017.11.023
Cruz BF, Cordovil PBL, Batista KNM. Perfil epidemiológico de pacientes que sofreram queimaduras no Brasil: revisão de literatura. Rev Bras Queimaduras. 2012;11(4):246-50.
Sociedade Brasileira de Queimaduras.Prevenir para evitar: manual de prevenção de queimaduras. (s.d)Disponível em: https://www.sbqueimaduras.org.br/biblioteca-virtual

Fernanda Silva dos Santos

Enfa Estomaterapeuta TiSOBEST Fernanda Silva dos Santos
Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem- UNISINOS, Enfermeira Estomaterapeuta TiSOBEST, Membro do Comitê de Enfermagem da Sociedade Brasileira de Queimaduras, Especialista em Terapia Intensiva pelo Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da PUCRS, Enfermeira da Unidade de Queimados do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre e Secretária da seccional RS da SOBEST – gestão 2021-2023

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