Estomia é uma abertura, realizada por cirurgia, em órgãos para eliminar fezes, urina, ou para alimentar ou respirar. A terminologia da estomia se dá de acordo com o segmento corporal exteriorizado. Assim, estomias de respiração (traqueostomia), de alimentação (gastrostomia, jejunostomia) e as de eliminação (urostomia, ileostomia e colostomias).
A confecção de um estoma pode ser necessária por diversos fatores e, pode ser temporário ou permanente. Os estomas intestinais de eliminação, exterioriza uma parte do intestino até a superfície do abdômen por onde os resíduos intestinais são expelidos.
Segundo o Ministério da Saúde, existem mais de 400 mil pessoas com estomias no Brasil. A confecção de estomas pode ocorrer nas diferentes faixas etárias, desde neonatos até idosos, por diversas situações e condições, como: câncer, doença de chagas, doenças inflamatórias (retocolite ulcerativa, doença de crohn), malformações congênitas, traumas abdominais/perineais, doenças neurológicas entre outras.
O aumento da população de pessoas com estomias e a necessidade de assistência especializada fomentou a criação de políticas públicas para assegurar a acessibilidade a materiais, serviços e profissionais de saúde.
A Federação Médica Brasileira destaca que “o portador de uma estomia, muitas vezes sofre com o preconceito, devido ao fato de que após a cirurgia, o paciente deve ter cuidados especiais e algumas limitações, mas nada impede que ele mantenha uma vida normal de afazeres. O principal desafio é a própria aceitação da pessoa que foi submetida à cirurgia, passando a entender os desafios e aceitar sua nova condição de vida. Dessa forma, nada mais certo do que conscientizar as pessoas que convivem com pessoas com estomias de que devem deixar o preconceito de lado e ajudar as pessoas que passam por esses desafios, servindo como apoio”.
É importante que os profissionais de saúde envolvidos nos cuidados de pessoas com estomias de eliminação reconheçam a alteração, nos processos de absorção e excreção nutricional do corpo, dependendo do local, onde foi gerado o estoma, podendo manter-se íntegro, com eliminação normal, por diminuição da absorção de fluidos e eletrólitos, com eliminação alterada (fezes líquidas ou semilíquidas), onde enzimas digestivas estão presentes, podendo causar danos à pele, se houver vazamento da bolsa. Podendo ainda ocorrer, desidratação com sudorese excessiva, diarreia e/ou vômitos, e afetar a capacidade de absorção de nutrientes, sendo necessária reposição de fluidos e alguns nutrientes, como, por exemplo, a vitamina B12.
Segundo as diretrizes nutricionais, independentemente do tipo de estomia de eliminação confeccionado, a dieta pós-cirúrgica começará com líquidos, com baixo teor de fibras, gorduras e especiarias e, será evoluída para preparações sólidas gradativamente. Conforme o intestino for recuperando o seu funcionamento normal (entre 4 a 6 semanas), os alimentos ricos em fibras podem ser inseridos na alimentação de forma gradual, respeitando a tolerância e as recomendações médicas, devido às condições clínicas específicas individuais, quando for o caso. As orientações nutricionais dispõem de informações sobre alimentação saudável para atenuar sintomas provenientes da estomia, evolução da consistência da dieta e esclarecimentos de possíveis intercorrências relacionadas à alimentação e o estoma.
O profissional Nutricionista, na equipe multiprofissional, através da triagem, avaliação e intervenção nutricional, contribui com o enfermeiro estomaterapeuta, atuando na prevenção, tratamento e reabilitação no atendimento à pessoa com estomia, na promoção do bem-estar e na melhoria da qualidade de vida. Trabalhando em equipe, compartilhando conhecimento e cuidados para garantir a atenção integrada e individualizada, fortalecendo a reflexão sobre os desafios, na prática, assistencial da equipe, no direcionamento das ações e protocolos estabelecidos.
Referências Bibliográficas:
- Cesaretti, I. U. R. (2015). Assistência em estomaterapia: cuidando de pessoas com estomia. São Paulo: Atheneu. Brasil. Agência Nacional de Saúde. Portaria n.° 400 de 16/11/2009. Disponível em: http://www.ans.gov.br.images/stories/noticias/pdf/p sas 400 2009 ostomizados.pdf – Acesso em 21/08/2024.
- Rocha JJR. Estomas intestinais (ileostomias e colostomias) e anastomoses intestinais. Medicina Ribeirão Preto.2011; 44(1):51-6.
- VILLELA, NB., and ROCHA, R., orgs. Manual básico para atendimento ambulatorial em nutrição [online]. 2nd ed. rev. and enl. Salvador: EDUFBA,2008.120p. Disponível em: http://books.scielo.org/id/sqj2s/pdf/villela-9788523208998.pdf – Acesso em 21/08/2024
- NASCIMENTO, G.E.B.;CAMPOS, J.S. P. Manual de orientação nutricional para pacientes ostomizados. BRASPEN, p.248.
- SANTOS, Caroline. Dúvidas frequentes sobre alimentação para pessoas com ostomia. Disponível em:http://ostomizados.net/alimentacao-ostomizados/.
Maria da Glória Silva
Nutricionista, CRN3/SP: 7.366, graduação: Universidade de Guarulhos, 1995;
Especialização em Administração Hospitalar, UNAERP, 2001;
Especialização em Docência do Ensino Superior, Faculdade da Aldeia de Carapicuíba, 2017;
Especialização em nutrição clínica, metabolismo, prática e terapia nutricional, Ipemig – Instituto Pedagógico de Minas Gerais (cursando);
Nutricionista clínica do Complexo Hospitalar Padre Bento de Guarulhos desde 1996;
Atendimento ambulatorial e hospitalar de pacientes com Doença inflamatória intestinal e estomizados desde 1999;
Nutricionista da equipe do GAMEDII – Associação Multidisciplinar de Apoio à Saúde Intestinal.