Janeiro Roxo: Conscientizar e Combater a Hanseníase

Janeiro Roxo: conscientizar e combater a hanseníase

O mês de janeiro ganhou a cor roxa para alertar e conscientizar a sociedade sobre o combate à hanseníase e o Dia 26 de janeiro é o Dia Mundial Contra a Hanseníase.

A Hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, de notificação obrigatória e acomete pessoas de todas as faixas etárias e ambos os sexos. Persiste como um problema de saúde pública e segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o Brasil figura como o segundo país no mundo com maior número de casos de Hanseníase, atrás apenas da Índia.

Em 2021, foram 140.594 casos novos da doença no mundo. Nos últimos cinco anos (2017 a 2021), foram diagnosticados no Brasil 119.698 casos novos de hanseníase. Com a pandemia de covid-19, houve dificuldades para novos diagnósticos e para o tratamento de pessoas com hanseníase, contribuindo para a subnotificação e pior prognóstico dos casos.

A doença é cercada de estigma e preconceito e quando não tratada ou tardiamente tratada pode levar a deformidades e incapacidades físicas permanentes, afetando a pessoa não somente no aspecto físico, mas psicológico, social e econômico.

A Hanseníase é transmitida por uma bactéria, o Mycobacteruim Leprae, um bacilo álcool-ácido resistente, também chamado de bacilo de Hansen, que afeta primariamente o sistema nervoso periférico e secundariamente a pele, causando sinais e sintomas dermatoneurológicos, especificamente nos nervos das mãos, pés e olhos, podendo provocar aos infectados danos como a perda de sensibilidade, a paralisia e a cegueira.

Essa bactéria tem uma característica diferente de outras bactérias pois apresenta um longo período de incubação, em média de dois a sete anos, embora haja referências a períodos inferiores a dois e superiores a dez anos.

A doença é transmitida pelas vias aéreas superiores, de uma pessoa a outra, pela forma infectante e sem tratamento, por meio do contato próximo e prolongado e em ambientes fechados. Os familiares de pessoas com hanseníase não tratada correm maior risco de contrair a doença, contudo vale ressaltar que a transmissão não se sucede por meio de objetos ou contato pele a pele.

Os sinais e sintomas da doença são sensação de formigamento, fisgadas ou dormência nas extremidades; manchas brancas ou avermelhadas, geralmente com perda da sensibilidade ao calor, frio, dor e tato; áreas da pele com alteração da sensibilidade e da secreção de suor; caroços e placas em qualquer local do corpo; diminuição da força muscular (dificuldade para segurar objetos) e feridas nos pés e nas mãos.

O diagnóstico é clínico e epidemiológico, realizado por meio do exame físico dermatoneurológico, buscando identificar sinais clínicos da doença, lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade, comprometimento de nervos periféricos com alterações sensitivas, e/ou motoras e/ou autonômicas.

O tratamento da pessoa com hanseníase é realizado no SUS, em regime ambulatorial, por meio de Poliquimioterapia Única – PQT-U, padronizada pela OMS. É fundamental para curá-lo, fechar a fonte de infecção interrompendo a cadeia de transmissão.

A consulta com o enfermeiro estomaterapeuta é primordial para garantir a cicatrização das feridas e melhorar a qualidade de vida. Também é o momento em que a comunicação deve fluir de forma clara e objetiva, para que a troca de informação permita realizar o manejo adequado, que auxilie na vinculação da pessoa com ferida e esclareça de forma simples as medidas de prevenção e controle, de diagnóstico, de tratamento e de reabilitação da doença.

Referências

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Guia Prático sobre a hanseníase. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2017. 70 p.
2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis – DCCI. Boletim Epidemiológico de Hanseníase. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2023
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. Volume único. 4. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2019. 725 p. Capítulo 5.
4. DOS REIS, Anna Carolina Nunes Ferreira et al. Impacto da pandemia de COVID-19 no cuidado continuado da hanseníase: uma revisão integrativa. Research, Society and Development, v. 11, n. 14, p. e339111436490-
5. GOVINDARAJULU S, et al. Determinants of patients’ delay with disability in the diagnosed leprosy cases in the three major states of India: A case-control study. Indian J Dermatol Venereol Leprol, [s. l.], 2022. DOI 10.25259/IJDVL_1172_20.
6. OMS (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE). Estratégia Global para a Hanseníase 2021-2030: Rumo a zero hanseníase. Nova Deli: OMS, 2021.

Uiara Aline de Oliveira Kaizer

Enfa. ET TiSobest Uiara Aline de Oliveira
Enfermeira pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, Pós-graduada em Gestão em Enfermagem pela Unifesp, Estomaterapeuta TiSobest, Mestre em Ciências da Saúde pela Unicamp, Doutora em Ciências da Saúde pela Unicamp, Tutora e Preceptora da Programa de Residência Médica e Multiprofissional em Saúde da Prefeitura de Sorocaba, Enfermeira Estomaterapeuta do Ambulatório de Feridas da Policlínica de Sorocaba e Empreendedora no atendimento em estomaterapia em Sorocaba.

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