Janeiro Branco

Janeiro Branco

O “Janeiro Branco” é uma campanha idealizada pelo psicólogo Leonardo Abrahão, de Minas Gerais, que convida as pessoas a pensarem sobre suas vidas, o sentido e o propósito dela, a qualidade dos seus relacionamentos e o quanto elas conhecem sobre si mesmas e sobre suas emoções, seus pensamentos e seus comportamentos.

Além disso, visa à sensibilização da mídia, das instituições sociais, públicas e privadas para o tema.

No município de São Paulo, de acordo com o Inquérito de Saúde (ISA) Capital 2015, um em cada seis habitantes da cidade de São Paulo apresenta algum transtorno mental. Nesse estudo realizado em 2015, foi possível identificar que a prevalência de Transtornos Mentais Comuns (TMC) em pessoas com 15 anos ou mais foi estimada em 15,9% no ano de 2015, sendo maior entre as mulheres que representam 21,8%, ficando os homens representados em 9,2%.

As ações desenvolvidas pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) em suas unidades visam auxiliar na prevenção e nas doenças que afetam a mente e as emoções, com o objetivo de proporcionar ambientes saudáveis e que tragam sentido aos indivíduos.

A seguir algumas informações sobre a nossa rede de Saúde Mental do Município de São Paulo (MSP):

O MSP conta com cerca de 200 estabelecimentos dedicados aos cuidados da saúde mental. Além das Unidades Básicas de Saúde (UBS), temos os  Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Centros de Convivência e Cooperativa (CECCOs), as Residências Terapêuticas (RT), as Unidades de Acolhimento (UA), os pronto atendimentos de saúde mental (UPAs, Pronto Socorros isolados e em hospital geral)  e os leitos de saúde mental em hospitais gerais .

As Unidades Básicas de Saúde, como porta de entrada do sistema tem a responsabilidade de desenvolver ações de promoção de saúde mental, prevenção e cuidado dos transtornos mentais, ações de redução de danos e cuidado para pessoas com agravos decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, compartilhadas, sempre que necessário, com os demais pontos da rede. É papel de cada Unidade Básica de Saúde a elaboração e a efetivação de uma proposta de atenção à saúde mental; 

Os CECCOS (são 24 no MSP) funcionam em regime de porta-aberta, sem necessidade de agendamento prévio ou encaminhamento, porém podem receber também encaminhamentos da rede de saúde para os casos já acompanhados. Instalados preferencialmente dentro de Parques Públicos, Centros Esportivos, Centros Comunitários e praças públicos municipais e concebidos como espaços alternativos de convivência. Abertos a todas as pessoas, tem como objetivo favorecer a aproximação e convivência entre a população geral, em toda sua diversidade, sejam elas idosas, pessoas com transtornos mentais, com deficiências, crianças e adolescentes, pessoas em situação de rua, dentre outras. Serviços de extrema relevância para a história da saúde mental, pois além de se constituir como uma retaguarda para a rede de saúde e um polo de comunicação entre diversos serviços (UBS, CAPS, Hospitais, dentre outros). No momento da chegada do usuário, este sempre deve ser recebido por um profissional da equipe em um procedimento que denominamos acolhida. Nesse espaço de acolhimento discute-se a programação de atividades oferecidas pelo serviço, bem como as habilidades, as preferências, a histórias de vida, que – por serem muitas vezes marcadas por sofrimentos psíquicos intensos – necessitam de intervenção para poderem estabelecer contatos, trocas afetivas, enfim, tudo o que precisamos para poder conviver, compartilhando assim, um campo comum.  Dentre as atividades e oficinas oferecidas destacamos: Atividades Físicas, Atividades Artísticas e Artesanais e Atividades Sócio – Culturais.

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são também porta de entrada para o atendimento na área de Saúde Mental dentro do MSP. A rede do município conta atualmente com 97 CAPS, nas modalidades Álcool e Drogas (AD), infanto-juvenil e Adulto. Alguns deles funcionam como CAPS III (com acolhimento integral – funcionamento 24 horas) e 1 como CAPS IV (com funcionamento 24h e possibilidade de acolhimento integral nas 24h). Todos os CAPS trabalham em regime de porta aberta, oferecendo acolhimento e tratamento multiprofissional aos usuários. O usuário que procura o CAPS é acolhido e participa da elaboração de um Projeto Terapêutico Singular específico para as suas necessidades e demandas. Uma equipe multiprofissional composta por médicos psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, terapeutas ocupacionais entre outros avalia o quadro do usuário e indicam o tratamento adequado para cada caso. O CAPS atua principalmente no acolhimento às situações de crise, nos estados agudos da dependência química e de intenso sofrimento psíquico.  Nos CAPS III, especificamente, existem vagas de acolhimento integral, nas quais os usuários podem permanecer para tratamento durante os estados mais agudos da doença por até quinze dias.

As Unidades de Acolhimento (UA) são moradias provisórias destinadas aos usuários que estejam em tratamento nos CAPS AD e apresentam conflitos familiares ou que se encontram em situação de risco ou vulnerabilidade em seus locais de moradia e necessitam de cuidados em saúde mental especificamente para o uso abusivo ou dependência de substâncias psicoativas.

Os SRT são moradias destinadas a pacientes egressos de hospitais psiquiátricos e hospital de custódia (HCTP) que tenham passado dois anos ou mais ininterruptos internados nestes hospitais, e que não tenham vínculo familiar ou este vínculo esteja intensamente prejudicado. São casas inseridas na comunidade, composta por até 10 moradores, que tem o seu cuidado quotidiano ofertado com apoio de acompanhantes comunitários nas 24 horas e um coordenador de nível superior. O SRT sempre está vinculado a um CAPS Adulto que é responsável pelo projeto terapêutico singular de cada morador, sendo que o cuidado em saúde se dá no CAPS, na UBS, no CECCO e em outros equipamentos de acordo com a necessidade individual. Vale lembrar que este modelo de cuidado dá dignidade as pessoas com sofrimento mental grave, e amplia as possibilidades de vida deles, dando garantia de direitos a eles. Atualmente o Município de São Paulo tem 72 SRTs.

Os prontos atendimentos que contam com psiquiatra na sua composição são responsáveis pelo atendimento de urgência e emergência e articulam o cuidado com os outros serviços de acordo com a avaliação.

As enfermarias de Saude Mental em hospital geral recebem a demanda que necessita de cuidados em meio fechado pelos riscos a si e/ou a outros, sempre articulados com os CAPS de referência dos usuários.  A internação hospitalar só é indicada quando esgotadas todas as possibilidades terapêuticas disponíveis no CAPS. As Vagas são reguladas por uma central de leitos.  Essas internações não devem passar de 15 dias.

Mesmo diante de toda essa diversidade de serviços e o trabalho de sensibilização ao tratamento, não há como garantir que o usuário passe pelo tratamento, caso não seja de sua vontade. Além de atendimentos individuais e em grupo com esse intuito, há ainda as visitas domiciliares feitas pelos CAPS, UBS e os Consultórios na Rua que fazem a busca ativa a pacientes que estejam em situação de rua.  

Dicas para melhorar a saúde mental:

  1. Pratique atividades físicas:
    A prática de atividades físicas tem impacto positivo sobre a nossa saúde como um todo, bem como na saúde mental. A prática regular dessas atividades auxilia no gerenciamento do estresse, no controle da ansiedade e no equilíbrio do humor, auxiliando no tratamento de quadros como a depressão. A pandemia nos mostrou que é possível realizar atividades físicas mesmo dentro de casa, há diversas opções gratuitas disponíveis na internet, como aulas de zumba, de dança, de yoga, de treino funcional, dentre outras opções. Aproveite este tempo para experimentar alguma atividade do seu interesse, use a criatividade, o importante é não ficar parado!
  1. Mantenha uma alimentação saudável:
    Opte por uma alimentação saudável e balanceada, que priorize alimentos frescos e integrais, hortaliças, vegetais, grãos, leguminosas, carnes magras. Não se esqueça de ingerir diariamente frutas e beber bastante água, no mínimo dois litros por dia.
  1. Cuide da qualidade do seu sono:
    Muitos processos biológicos importantes acontecem enquanto dormimos. Dormir uma quantidade adequada de horas é importante para manutenção da nossa saúde mental e para manutenção da nossa memória. Procure dormir e acordar sempre no mesmo horário; reduza a iluminação ambiente e os ruídos algumas horas antes de dormir, evite passar muito tempo diante das telas (celular ou televisão) antes de deitar-se. Faça uma refeição leve e atividades relaxantes antes de dormir, como ler um bom livro.
  1. Mantenha relacionamentos saudáveis:
    O ser humano é um ser social e, portanto, é muito importante manter relacionamentos sociais saudáveis e prazerosos. Mesmo com as restrições de contato físico devido à pandemia, não deixe de telefonar para seus amigos, pais e familiares com frequência e ter uma boa conversa. Hoje em dia podemos contar com a ajuda de recursos virtuais gratuitos para realizar chamadas de vídeo e matar um pouco a saudade dos encontros.
  1. Priorize momentos em contato com a natureza:
    A vida na cidade impõe um ritmo por vezes muito acelerado no viver e os momentos em meio à natureza nos ajudam a nos reconectar com nosso tempo, reduzindo a sensação de ansiedade. Momentos ao ar livre também garantem o contato com a luz solar, importante para manter adequados os índices de vitamina D do nosso corpo, que também influenciam nosso humor. Procure conhecer praças do seu próprio bairro, ou aproveite os Parques Públicos. Só não se esqueça de levar sua máscara, higienizar corretamente as mãos com frequência e evitar horários de maior aglomeração.
  1. Tenha momentos de reflexão e meditação:
    Separe alguns minutos do dia para refletir sobre suas escolhas e caminhos. Você pode registrar em um caderno como tem se sentido, os desafios que têm enfrentado as metas pessoais que deseja para o ano de 2022. O importante aqui é que separe um tempo só para você. Muito tem se falado atualmente sobre a prática da meditação como autocuidado, que pode ajudar nesse processo de reflexão, como também outras práticas de espiritualidade que você se identifique.
Dra. Claudia R. Longhi

Dra. Claudia R. Longhi
Médica psiquiatra formada em 1993, pós-graduada em saúde mental pela escola de enfermagem da USP, Diretora da Divisão de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.

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