O dia 20 de fevereiro marca o Dia Nacional do Combate às Drogas e ao Alcoolismo, uma data crucial para ampliar o entendimento da população sobre os danos que o consumo de substâncias como álcool e drogas podem causar ao organismo, bem como para promover a conscientização sobre os perigos associados a essas práticas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a dependência de drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas, como uma doença que é um problema de saúde pública que afeta pessoas em todo o mundo. O uso de substâncias como álcool, cigarro, crack e cocaína atravessa fronteiras culturais, sociais, econômicas e políticas, constituindo-se em um desafio global.
Entre as substâncias em destaque, o alcoolismo apresenta-se como uma doença crônica com efeitos devastadores. Caracterizado pelo consumo compulsivo de álcool, na qual o usuário se torna progressivamente tolerante à intoxicação produzida pela droga e desenvolve sinais de abstinência, quando a mesma é retirada. O alcoolismo figura como uma das principais causas de mortalidade, contribuindo para mais de 3 milhões de mortes anuais, além de representar uma causa significativa de incapacidade, especialmente entre indivíduos na faixa etária de 20 a 39 anos. Os efeitos adversos do consumo excessivo de álcool extrapolam os limites físicos, abarcando uma série de transtornos mentais e comportamentais, bem como perdas sociais e econômicas significativas tanto para os indivíduos quanto para a sociedade em geral.
Outra substância em evidência é o tabaco, sendo o tabagismo considerado uma epidemia mundial. Este é associado a mais de 8 milhões de mortes anuais, com a nicotina contribuindo para o desenvolvimento de mais de 50 doenças, incluindo doenças cardiovasculares, respiratórias e neoplasias, como o câncer de pulmão, entre outras. Além disso, o consumo de tabaco está associado ao surgimento de uma série de outras doenças, como tuberculose, úlcera gastrointestinal, impotência sexual e infertilidade.
A pandemia de COVID-19 exacerbou as preocupações relacionadas ao consumo de substâncias psicoativas. Estudos indicam um aumento significativo do consumo de álcool e outras drogas durante esse período, com 74% dos brasileiros relatando consumo de álcool durante a pandemia, dos quais 42% descreveram episódios de consumo intenso. O aumento dos quadros de ansiedade e depressão contribuiu para esse padrão de consumo, embora poucos tenham buscado ajuda especializada.
No contexto específico dos pacientes com estomias, feridas e incontinências, o aumento do consumo destas substâncias representa um desafio adicional ao tratamento dessas condições. Seu uso pode interferir na eficácia dos medicamentos, retardar a cicatrização das lesões e aumentar o risco de infecções, complicando o processo de recuperação e reabilitação desses pacientes. Portanto, é importante o enfermeiro identificar quadros de uso de drogas ou álcool, assim como realizar um trabalho de conscientização do paciente sobre os efeitos prejudiciais do seu uso frente aos quadros de estomias, feridas e incontinências.
Diante desse cenário, é crucial reforçar a importância da prevenção, do tratamento e do apoio aos indivíduos que lutam contra o vício em álcool e outras substâncias. Uma abordagem holística, que considere não apenas os aspectos clínicos do tratamento, mas também os aspectos sociais, emocionais e ambientais que influenciam o comportamento humano e as escolhas relacionadas ao seu consumo, é essencial para enfrentar esse desafio de saúde pública.
Para aqueles que necessitam de tratamento devido ao abuso de álcool e outras drogas, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS), dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e dos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III (CAPS AD), que contam com equipes multiprofissionais capacitadas para oferecer suporte e assistência adequados.
Diversos projetos e iniciativas buscam regulamentar a publicidade de bebidas alcoólicas e promover campanhas educativas sobre o assunto em escolas e comunidades, visando à promoção de uma cultura de saúde e bem-estar que desencoraje o consumo prejudicial de substâncias.
O Dia Nacional do Combate às Drogas e ao Alcoolismo é uma oportunidade de incentivar as pessoas a repensar seus hábitos, além de inspirar a busca por melhores hábitos de saúde. Ultrapassar o obstáculo do vício em álcool e outras substâncias é uma das etapas para a construção de uma sociedade mais saudável, justa e solidária para todos.
Referências Bibliográficas
Álcool – OPAS/OMS | Organização Pan-Americana da Saúde. Disponível em: <https://www.paho.org/pt/topicos/alcool>. Acesso em: 22 fev. 2024.
Tabaco – OPAS/OMS | Organização Pan-Americana da Saúde. Disponível em: <https://www.paho.org/pt/topicos/tabaco>. Acesso em: 22 fev. 2024.
ALVES, B. / O. / O.-M. 20/02 – Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo | Biblioteca Virtual em Saúde MS. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/20-02-dia-nacional-de-combate-as-drogas-e-ao-alcoolismo/>. Acesso em: 22 fev. 2024.
Dia Nacional de Combate às drogas e ao álcool. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/radio/1/noticia/2023/02/17/dia-nacional-de-combate-as-drogas-e-ao-alcool>. Acesso em: 22 fev. 2024.
Edson Maruyama Diniz
Enfermeiro Estomaterapeuta. Enfermeiro na Prefeitura Municipal de São Paulo, em um Serviço de Atenção Domiciliar. Possui Mestrado em Telessaúde e Especialização em Gestão em Enfermagem, Enfermagem em Estomaterapia e Informática em Saúde. Também atua como professor e palestrante na área de Enfermagem.
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