Atendimento à pessoa com Úlcera Venos

ATENDIMENTO À PESSOA COM ÚLCERA VENOSA

O atendimento às pessoas com úlceras venosas é sempre um desafio na prática clínica, seja pela necessidade de mudança de comportamento por parte da pessoa com ferida ou por demora no acesso a serviços especializados, como os ambulatórios de Estomaterapia ou de feridas complexas.

A incompetência valvular, a distensão venosa, a fraqueza muscular e a diminuição da amplitude do tornozelo podem levar à insuficiência venosa que hoje já afeta aproximadamente 5% da população mundial.

 Quando surgem as úlceras nos membros com insuficiência, estas apresentam defeitos crônicos na pele que persistem por mais de 4 semanas, devido a hipertensão e/ou estase venosa geralmente acompanhadas de intensa reação inflamatória (celulite). Este quadro é comum na admissão e acomete mais de 70% das pessoas com ulcerações de membros inferiores. A dor associada à incapacidade de realizar atividades diárias, o estigma social por conta da aparência e a presença do odor diminuem a qualidade de vida. O alto custo do tratamento, a necessidade de afastamento do trabalho e as internações geram custo elevado para o sistema de saúde.

No serviço especializado, a avaliação, a anamnese e o exame físico, prontamente são identificados os fatores de risco prevalentes, como identificar a presença de varizes em 50% dos pacientes, o edema, a hiperpigmentação e a lipodermatoesclerose. Geralmente as pessoas mais susceptíveis ao desenvolvimento de ulcerações apresentam: obesidade, idade superior a 65 anos, tabagismo, sexo feminino, história familiar de insuficiência venosa crônica e história de tromboembolismo venoso profundo.

 A lesão tem localização na porção inferior da perna, principalmente medial ou maléolo medial próxima ao tornozelo. Pode iniciar com flictena ou erosão pequena e superficial que se agrava em profundidade parcial ou total da pele, com formato irregular e de bordas definidas, com o tecido de granulação mais predominante, podendo apresentar esfacelo.

Na pele adjacente é comum a hipercromia, eritema, dermatite (prurido e escamas) e edema. A lipodermatoesclerose é associada a um prognóstico ruim por restringir o movimento da perna, e outros fatores negativos são a duração, tamanho da úlcera e cirurgia venosa prévia.

O eczema pode estar também presente na pele adjacente e frequentemente relacionado ao tempo prolongado da lesão no membro e neste caso, pode ser manejado na aplicação de compressas úmidas para auxiliar na remoção das crostas, e é aconselhável aplicar corticóide tópico prescrito e manter hidratação da pele.

 Para obter resultados otimizados com as diferentes terapias, de acordo com uma avaliação minuciosa, é importante o acesso desse paciente ao especialista principalmente as feridas que não seguem o curso de um fechamento até 30 dias. As úlceras com mais de 6 meses e maiores que 5cm de diâmetro pela tendência maior de serem refratárias ao tratamento.

A compressão é padrão ouro do tratamento, deve-se oferecer uma compressão gradual de 30 a 40 mmHg no tornozelo. Antes de iniciar a compressão deve-se excluir a doença arterial. A medida do índice do tornozelo-braquial permite excluir a doença arterial periférica (DAP), que representa cerca de 20% das lesões de membros inferiores. A insuficiência arterial é sugerida quando o ITB< 0,9, no entanto, deve-se ter atenção especial em pessoas com diabetes pela possibilidade de apresentarem um ITB falso negativo.

O tratamento deve ser completo incluindo medicamentos sistêmicos, além do tratamento local da ferida de acordo com avaliação do Estomaterapeuta, sendo este o profissional que tem domínio técnico e científico sobre as necessidades de uma pessoa com feridas, podendo contribuir positivamente para o tratamento.

Os exercícios de perna ou atividade física devem ser implementados para otimizar os resultados de cicatrização das úlceras. A elevação dos membros, uma terapia compressiva precoce ou multicamadas, são indicadas para a resolução rápida da ferida, geralmente ações comuns em ambulatórios especializados.

A prevenção da ocorrência da lesão deve pautar a mudança comportamental para o uso da terapia compressiva ao longo da vida, exercícios e a elevação dos membros regularmente, além do controle de comorbidades associadas. A caminhada por 30 minutos, 5 vezes por semana e a elevação dos membros inferiores acima do nível do coração devem ser executadas por parte da pessoa com insuficiência venosa para perpetuar com os membros livres de feridas.

Referencias

  1. FORT, FRANK G. Clinical overview- venousulcers, Elsevier, 2022.
  2. JALLER, JOSE A.; KIRSNER, R. S. Venousulcers. Conn’sCurrentTherapy, 2022.
  3. DINULOS, J.G.H. Eczema andhand dermatites. Habif’sClinicalDermatology, chapter 3, 2021.
  4. FERRI, F.F. Venousulcers. Elsevier, Ferri’sclinical advisor,2022.
  5. GLOVICZKI, P. et.al. The 2022 Society for vascular surgery, American Venous fórum, and American VeinandLymphatic Society ClinicalPracticeGuidelines for the Management of Varicose Veinsofthe Lower Extremities. Journalof Vascular Surgery: VenousandLymphaticDisorders, 2022.
  6. BORGES, EL; CALIRI, M.T.L. Insuficiência venosa crônica. Cap. 2 Rio de janeiro: Guanabara Koogan,2011.
alexandra isabel amorim lino

Alexandra Isabel de Amorim Lino

Enfermeira Estomaterapeuta TiSOBEST 
Mestre em Enfermagem pela Universidade de Brasília
Presidente Seccional e Diretora do Conselho Científico da Seção Distrito Federal

en_USEnglish

Armazenamos dados temporariamente para melhorar a sua experiência de navegação. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Saiba mais acessando nossa Política de Privacidade.