O Outubro Rosa é uma campanha mundial de conscientização sobre o câncer de mama, realizada anualmente com o objetivo de alertar a população para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres no Brasil e no mundo, e hoje sabemos que 1 em cada 12 mulheres receberá o seu diagnóstico ao longo da vida, representando uma das principais causas de morte por câncer nessa população. Quando diagnosticado precocemente, as chances de tratamento eficaz e cura aumentam significativamente, reforçando a relevância das ações educativas e de rastreamento durante todo o ano, especialmente neste mês de mobilização.
A detecção precoce do câncer de mama pode ser realizada por meio do rastreamento em mulheres assintomáticas e da investigação diagnóstica em mulheres com sinais e sintomas suspeitos. A mamografia é capaz de identificar lesões não palpáveis, possibilitando o início do tratamento antes do surgimento de manifestações clínicas mais evidentes, o que reduz a mortalidade e melhora o prognóstico.
Recentemente, o Sistema Único de Saúde (SUS) ampliou o acesso à mamografia de rastreamento para mulheres a partir dos 40 anos, decisão que representa um importante avanço na política pública de saúde da mulher. Essa medida permite o diagnóstico ainda mais precoce, especialmente em casos de cânceres agressivos que tendem a surgir em idades mais jovens. A ampliação da faixa etária atende a uma demanda histórica de especialistas e movimentos de pacientes, reforçando o compromisso do SUS com a equidade e com a redução das desigualdades no acesso ao diagnóstico e tratamento.
É fundamental que as mulheres estejam atentas aos principais sinais e sintomas que podem indicar alterações mamárias. Entre eles estão a presença de nódulo endurecido e fixo, retração da pele, alterações no formato do mamilo, secreção mamilar com sangue, vermelhidão ou descamação da pele e aumento de volume em parte da mama. O autoexame das mamas é uma prática importante de autoconhecimento corporal, que incentiva a mulher a observar e reconhecer alterações em seu próprio corpo. Apesar de contribuir para a percepção precoce de anormalidades, o autoexame não substitui o exame clínico realizado por um profissional de saúde capacitado nem a mamografia de rastreio. O acompanhamento regular em unidades de saúde permite a avaliação técnica e o encaminhamento para exames complementares quando necessário.
O estomaterapeuta desempenha papel fundamental no cuidado de pessoas com câncer de mama, especialmente naqueles casos em que há necessidade de intervenções cirúrgicas, como mastectomia, reconstrução mamária ou presença de feridas complexas. Esse profissional é responsável pela avaliação, prevenção e tratamento de feridas, cuidados com drenos e dispositivos, além de oferecer suporte educativo e emocional para a adaptação às mudanças corporais. A atuação do estomaterapeuta contribui diretamente para a reabilitação física e psicossocial da mulher, promovendo qualidade de vida, autonomia e recuperação da autoestima.
Além do diagnóstico precoce, a conscientização promovida pelo Outubro Rosa também busca reduzir o estigma em torno do câncer de mama, estimulando o diálogo, a informação e o apoio social. A abordagem integral — que envolve prevenção, rastreamento, tratamento oportuno e suporte psicossocial — é essencial para melhorar a qualidade de vida e a sobrevida das mulheres acometidas pela doença.
Referências bibliográficas
1. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Estimativa 2023: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2023.
2. Ministério da Saúde (BR). Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama no Brasil. Brasília: MS; 2015.
3. World Health Organization (WHO). Guide to Cancer Early Diagnosis. Geneva: WHO; 2017.
4. Ministério da Saúde (BR). SUS amplia mamografia para mulheres a partir dos 40 anos. Brasília: MS; 2024. Disponível em: https://www.gov.br/saude
5. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Câncer de Mama: Sinais e Sintomas. Rio de Janeiro: INCA; 2022.
6. Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). Autoexame das Mamas: Entenda sua Importância. São Paulo: SBM; 2021.

Suzana Aparecida da Costa Ferreira
Doutoranda e Mestre em Saúde do Adulto pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EEUSP), especialista em Estomaterapia pelo Centro Universitário São Camilo. especialista em Enfermagem Oncológica pela Fundação Antonio Prudente – AC Camargo Cancer Center, especialista em Docência pela Universidade Nove de Julho, membro do Grupo de Pesquisa em Estomaterapia: estomas, feridas agudas e crônicas e incontinências urinária e anal da USP – GPET, membro e Assessora de Marketing da Associação Brasileira de Estomaterapia. Estomias, Feridas e Incontinências – SOBEST, membro World Council of Enterostomal Therapists – WCET